"Por que Trump quer comprar a maior ilha do mundo?"
Ney Lopes*
Há quem admita que Trump está usando a “teoria do louco” — abraçar a irracionalidade para manter os adversários na dúvida e na defensiva.
Ele está fazendo uma série de ameaças ultrajantes e impossíveis para intimidar seus inimigos.
Os antecedentes dessa estratégia remontam a cinco séculos atrás, quando Nicolau Maquiavel escreveu que, "às vezes, é muito sábio simular loucura".
Antes de assumir, Trump já apavora aliados. Uma das “loucuras” foi dizer que deseja “comprar” a Groenlândia, a maior ilha do mundo, localizada no Ártico.
“Não, obrigado”, dizem os groenlandeses.
Porém, a ameaça vai mais além. Trump insiste e afirma que, se houver recusa, ele usará a força militar.
Dinamarca
A Groenlândia tem cerca de três vezes o tamanho do Texas e uma população de cerca de 56.000 pessoas.
É controlada pela Dinamarca há séculos, anteriormente como uma colônia e agora como um território semi-soberano, sob o reino dinamarquês.
Ela está sujeita à constituição dinamarquesa, o que significa que qualquer mudança em seu status legal exigiria uma emenda constitucional.
Estrategicamente, o Ártico poderá transformar-se numa rodovia até os Estados Unidos, reduzindo o uso do Canal do Panamá.
Nos últimos anos tem havido um interesse crescente nos recursos naturais da Groenlândia, incluindo minerais de terras raras, urânio e ferro, que com o aquecimento global se tornam mais acessíveis para exploração econômica.
Esses recursos minerais são essenciais para indústrias que produzem turbinas eólicas, linhas de transmissão, baterias e veículos elétrico.
A camada de gelo que cobre quatro quintos da ilha contém 7% da água doce do mundo.
Estima-se que os recurso de petróleo e gás sejam os terceiros maiores do Ártico,
Os EUA desejam expandir sua presença militar na Groenlândia ao colocar radares nas águas que conectam a Groenlândia, a Islândia e o Reino Unido.
Essas águas são uma porta de entrada para embarcações russas e chinesas, que Washington pretende rastrear.
A grande indagação é o que poderá acontecer?
Impossível responder!
Post scriptum – Imagine o leitor se Trump decide comprar uma parte da Amazônia brasileira.
Se der certo na Groelândia, dará aqui.
Precedente é precedente.
*Ney Lopes é jornalista, escritor (foi deputado federal)
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