sábado, 11 de janeiro de 2025

Artigo de Ney Lopes


"Por que Trump quer comprar a maior ilha do mundo?"


Hoje, há 19 populações de ursos polares no Ártico. Quatro delas vivem na Groenlândia



Ney Lopes*

Há quem admita que Trump está usando a “teoria do louco” — abraçar a irracionalidade para manter os adversários na dúvida e na defensiva.

Ele está fazendo uma série de ameaças ultrajantes e impossíveis para intimidar seus inimigos.

Os antecedentes dessa estratégia remontam a cinco séculos atrás, quando Nicolau Maquiavel escreveu que, "às vezes, é muito sábio simular loucura".

Antes de assumir, Trump já apavora aliados. Uma das “loucuras” foi dizer que deseja “comprar” a Groenlândia, a maior ilha do mundo, localizada no Ártico.

“Não, obrigado”, dizem os groenlandeses.

Porém, a ameaça vai mais além. Trump insiste e afirma que, se houver recusa, ele usará a força militar.

Dinamarca

A Groenlândia tem cerca de três vezes o tamanho do Texas e uma população de cerca de 56.000 pessoas.

É controlada pela Dinamarca há séculos, anteriormente como uma colônia e agora como um território semi-soberano, sob o reino dinamarquês.

Ela está sujeita à constituição dinamarquesa, o que significa que qualquer mudança em seu status legal exigiria uma emenda constitucional.

Estrategicamente, o Ártico poderá transformar-se numa rodovia até os Estados Unidos, reduzindo o uso do Canal do Panamá.

Nos últimos anos tem havido um interesse crescente nos recursos naturais da Groenlândia, incluindo minerais de terras raras, urânio e ferro, que com o aquecimento global se tornam mais acessíveis para exploração econômica.

Esses recursos minerais são essenciais para indústrias que produzem turbinas eólicas, linhas de transmissão, baterias e veículos elétrico.

A camada de gelo que cobre quatro quintos da ilha contém 7% da água doce do mundo.

Estima-se que os recurso de petróleo e gás sejam os terceiros maiores do Ártico,

Os EUA desejam expandir sua presença militar na Groenlândia ao colocar radares nas águas que conectam a Groenlândia, a Islândia e o Reino Unido.

Essas águas são uma porta de entrada para embarcações russas e chinesas, que Washington pretende rastrear.

A grande indagação é o que poderá acontecer?

Impossível responder!

Post scriptum – Imagine o leitor se Trump decide comprar uma parte da Amazônia brasileira.

Se der certo na Groelândia, dará aqui.

Precedente é precedente.

*Ney Lopes é jornalista, escritor (foi deputado federal)

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