18 de janeiro de 2025
Ney Lopes*
O presidente eleito Donald Trump voltará à Casa Branca amanhã, 20. A cerimônia formal de posse será iniciada ao meio dia, horário de Washington DC (14 horas no Brasil). Já se passou mais de meio século, desde que, Joseph Robinette Biden, um advogado tagarela de 28 anos, venceu sua primeira eleição ao destituir um titular republicano de uma cadeira no Conselho do Condado de New Castle, em Delaware.
Agora, aos 82 anos e após 35 anos no Senado dos EUA, oito anos como vice-presidente e quatro como presidente, ele sai da Presidência e devolverá o poder pessoalmente a um antecessor com visão radicalmente diferente do mundo e do lugar da América nele. Enquanto a administração de Biden tem sido criticada por sua cautela excessiva, Trump já ameaçou anexar a Groenlândia, o canal do Panamá e o Canadá. É o prenuncio do retorno ao tipo de política de poder contundente e agressivo, com o objetivo de manter a posição de “América First” (os EUA primeiro).
Bom presidente
Por justiça, cabe observar que Biden foi um bom presidente e está sendo injustiçado após contribuir com vitórias significativas para o país. Senão vejamos. Graças ao Plano de Resgate Americano, a América teve a mais forte recuperação de empregos do mundo. A ARP também estimulou os maiores investimentos no combate ao crime, prevenção da violência e investimentos em segurança na história. O projeto foi fundamental para manter creches abertas. A ARP levou à menor taxa de pobreza infantil no país.
Os Estados Unidos tiveram o maior crescimento econômico no Grupo dos 7 países ricos e industrializados, em 2023. A classe média construiu a América, e os sindicatos construíram a classe média. O presidente Biden tem orgulho de ser o presidente mais pró-trabalhador da classe média. Tomou medidas sem precedentes para fortalece-la, tais como, proteções aos inquilinos e mais justiça no mercado de aluguel.
Elevou o seguro desemprego para US$ 1.400, por pessoa. Autorizou US$ 1,2 trilhão em gastos com transporte e infraestrutura. Infelizmente para Biden, o que as pessoas mais lembram é que os benefícios levaram ao pico da inflação, que chegou a 9% em junho de 2022. Tinha que agir assim para proteger os excluídos sociais.
Mídia agrada Trump
Para “agradar” Trump, certa mídia atribui a paz em Gaza a ação dele. Na verdade, o acordo de cessar fogo é essencialmente o mesmo que Biden colocou na mesa em maio passado.
Biden reconhece que a inflação disparou no início de seu mandato. Explica que sua administração estava “lutando contra os efeitos mundiais da pandemia, a guerra de Putin na Ucrânia e as interrupções na cadeia de suprimentos”. Ele presidiu a menor taxa média de desemprego de qualquer administração presidencial, no último meio século.
Segundo o NYT, em decorrência da queda nas pesquisas, Biden chega ao fim oscilando entre melancolia, resignação e raiva, ao refletir sobre seu legado. Mas, a justiça será feita, como foi para Jimmy Carter, que ao deixar a Casa Branca teve rejeição generalizada. Ao falecer, recebeu uma das maiores homenagens prestadas a um ex-presidente americano. A justiça tarda, mas não falha.
*Ney Lopes é jornalista, escritor, ex-deputado federal
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