domingo, 9 de fevereiro de 2025

A mentalidade empreendedora faz a diferença - artigo de Alex Pipkin, PhD


A mentalidade empreendedora faz a diferença

Alex Pipkin, PhD


       Aparenta ser ponto pacífico que a mentalidade e a ação empreendedora dinâmica impulsionam às inovações, o crescimento e a prosperidade.?

Daron Acemoglu e James Robinson, Douglass North, Adam Smith, entre outros, consagraram a importância das instituições para o alcance de crescimento e prosperidade para uma nação. North enfatizou o papel das regras formais (leis, constituições) e das regras informais, relacionadas às normas de conduta e comportamento, condutoras dos incentivos ao crescimento.

Para mim não resta um fiapo de dúvida de que a mentalidade empreendedora é um dos principais “drivers” para o impulsionamento do crescimento. Alexis de Tocqueville apontava os “hábitos mentais” de um povo como sendo essenciais para fazer uma nação prosperar. Dentre esses costumes, Tocqueville destacava a visão ligada à ação empreendedora e os arraigados valores morais de um contexto social. Ele se impressionou com o “tônus vital” dos americanos em correr riscos, empreender e fazer negócios, buscando possibilidades de ascender social e economicamente.

A mudança econômica é claramente dependente da mentalidade das pessoas, naquilo que elas valorizam e acreditam, e dos incentivos que essas dispõem para gerar inovações, renda, riqueza e prosperidade. John Maynard Keynes introduziu o conceito de “espírito animal”, para descrever o papel da psicologia humana sobre as decisões econômicas. Para Keynes, o “espírito animal” está ligado ao comportamento empreendedor, uma vez que esses acreditam no sucesso nos negócios mesmo diante de incertezas, assumindo riscos para a conquista de determinado empreendimento. Esses são corajosos para inovar e criar novas oportunidades, arriscando a própria pele. Keynes destaca a importância dos aspectos psicológicos e emocionais dos empreendedores para uma economia saudável.

Em suma, não parece haver dúvidas, de que as normas sociais culturalmente determinadas afetam as atitudes em relação ao empreendedorismo e à formação de empresas.
Aqui me parece mister distinguir duas visões de mundo muito diferentes. A coletivista, é aquela em que o Estado é o indutor da vida econômica, intervindo com mão pesada para impulsionar o crescimento. Portanto, esse se utiliza de mecanismos, tais como política industrial, e os respectivos setores “campeões”, de subsídios, de políticas nacional-desenvolvimentistas, para intencionar o crescimento. De outro lado, posiciona-se a visão de que são as pessoas e as empresas - os criadores de riqueza -, que com autodeterminação, responsabilidade individual, esforço próprio e coragem para correr riscos e empreender, fazem acontecer! Ou seja, é o setor privado o responsável pelo encaminhamento do crescimento.

A primeira ótica quer conduzir as pessoas, indicando o que é o “melhor para elas”. Já a segunda visão, pressupõe que as pessoas devem ter a liberdade para buscar seus próprios interesses, a fim de alcançar seus diferentes planos de vida. O que é verdadeiramente comprovado, é que sociedades que apoiam o interesse individual, com incentivos a assunção de riscos, estão melhor posicionadas para gerar inovações e praticar a destruição criativa, nos moldes shumpeterianos, criando novos setores e soluções inovadoras para os consumidores e para a sociedade.

Nesta direção, recente estudo de professoras de Administração de Wharton, concluíram que sociedades em que as normas sociais incentivam a expressão individual, a assunção de riscos e a criatividade das pessoas, tendem a impulsionar o empreendedorismo, às inovações e a formação de empresas.

O intervencionismo estatal, além de ser contraproducente para um empreendedorismo dinâmico, mesmo quando apenas regulador da economia, não é capaz de impulsionar a mentalidade empreendedora, que se materializa por meio das normas sociais informais. Essas, por sua vez, atuam na ação e formação de empresas e ecossistemas empresariais. O fator cultural, alavancado pelos incentivos, é essencial.

É desalentador que o Brasil esteja trilhando o caminho oposto em relação a valorização do indivíduo! Vagamos pelo caminho da servidão, em o controle governamental da tomada de decisões econômicas, via abusivo intervencionismo estatal, atua contra o poder e a agência do indivíduo para assumir o controle e a responsabilidade por sua vida.

Em terras vermelho, verde-amarelas, não se perde a oportunidade de perder a oportunidade para a criação de uma cultura que incentive o empreendedorismo e, em especial, um ambiente dotado de incentivos que alavanque as pessoas a assumir riscos, desafiar normas vigentes, e praticar o exercício criador da destruição criativa.

É tal cultura benéfica e útil, aquela que endereçaria às inovações, as soluções para os consumidores e a sociedade como um todo e, especialmente, as fundamentais e escassas dignidade humana e autoestima.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.

Busca