quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Um raio de luz - texto/crônica do Momenro Espírita de hoje


Um raio de luz

 *****

O gabinete daquela escola de Ensino Médio se convertera, por alguns momentos, em palco para uma cena constrangedora.

O aluno de dezesseis anos de idade, sentado, cabeça baixa, pensamento em desalinho, aguardava a sentença.

Os pais, desolados, olhavam em silêncio para ele.

Vários de seus professores haviam dado seus depoimentos, todos desfavoráveis, sobre o jovem rebelde.

Se o garoto fosse expulso, seria um peso a menos na sua árdua obrigação de ensinar.

Se se livrassem daquele estorvo, sua tarefa ficaria mais leve. Talvez fosse isso que pensavam alguns daqueles educadores.

O silêncio enchia a pequena sala. O professor de Física se levantou para dar seu parecer.

Homem maduro, lúcido, educador por excelência, antes de dizer qualquer palavra, olhou detidamente nos olhos de cada um dos presentes e se sentiu extremamente comovido diante da situação.

Como poderia ajudar a resolver a questão sem prejuízo para o seu aluno? Para ele, expulsar um aluno seria decretar a própria falência como educador.

Então, olhou carinhosamente para a mãe e perguntou: O que está havendo? O que aconteceu para que a situação chegasse a esse ponto?

Tamanha era a vibração de ternura da sua voz que a mãe se sentiu amparada na sua desdita.

Olhou com afeto para o filho e, num tom de extremado carinho, disse: Meu filho!

O jovem, diante da pequena frase que ecoou em seu íntimo com mais força do que mil palavras de reprimenda, desatou a chorar.

Chorou e chorou, compulsivamente...

A comoção tomou conta de todos. As lágrimas rolaram quentes dos olhos daqueles pais sofridos. Também do professor e da diretora.

Após quase meia hora, as lágrimas foram cedendo lugar a certo alívio, como se uma chuva de bênçãos tivesse lavado o travo de fel que pairava sobre a assembleia.

Quebrando o silêncio, o garoto falou: Mãe, posso lhe prometer uma coisa? Vocês nunca mais virão à escola por motivos como este.

*   *   *

O jovem cumpriu sua promessa.

Um dia, o professor de Física o encontrou no corredor da escola e lhe perguntou:

O que fez você mudar, naquele dia?

O jovem, um tanto constrangido, respondeu: É que minha mãe nunca havia me chamado de "meu filho".

Aquelas duas palavras, professor, pronunciadas pela minha mãe com uma sonoridade espiritual tão profunda, foram o suficiente para eu mudar o rumo da minha vida.

O rapaz se foi, deixando o mestre absorto em seus pensamentos.

Em sua mente voltou a cena daquele dia distante.

Intimamente, pensou sobre qual seria a situação desse moço, se tivesse sido expulso da escola.

Pensou também na força da expressão: Meu filho! E ficou a imaginar quão poderoso é o afeto de mãe.

Como homem notável e admirável educador, concluiu, em seus lúcidos raciocínios: o dia que as mães quiserem, elas mudarão o mundo.

*   *   *

Essa história teve um final feliz graças ao gesto de um professor que, como um raio de luz, penetrou aqueles corações com tamanha suavidade, sendo capaz de mudar para sempre a vida daquela família.

Pensemos nisso sempre que o nosso parecer for solicitado diante de qualquer situação.

Redação do Momento Espírita, com base em palestra de Raul Teixeira, em Campo Largo/PR, no dia 10.12.2005.
Em 13.2.2025


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