Um raio de luz
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O gabinete daquela escola de Ensino Médio se convertera, por alguns momentos, em palco para uma cena constrangedora.
O aluno de dezesseis anos de idade, sentado, cabeça baixa, pensamento em desalinho, aguardava a sentença.
Os pais, desolados, olhavam em silêncio para ele.
Vários de seus professores haviam dado seus depoimentos, todos desfavoráveis, sobre o jovem rebelde.
Se o garoto fosse expulso, seria um peso a menos na sua árdua obrigação de ensinar.
Se se livrassem daquele estorvo, sua tarefa ficaria mais leve. Talvez fosse isso que pensavam alguns daqueles educadores.
O silêncio enchia a pequena sala. O professor de Física se levantou para dar seu parecer.
Homem maduro, lúcido, educador por excelência, antes de dizer qualquer palavra, olhou detidamente nos olhos de cada um dos presentes e se sentiu extremamente comovido diante da situação.
Como poderia ajudar a resolver a questão sem prejuízo para o seu aluno? Para ele, expulsar um aluno seria decretar a própria falência como educador.
Então, olhou carinhosamente para a mãe e perguntou: O que está havendo? O que aconteceu para que a situação chegasse a esse ponto?
Tamanha era a vibração de ternura da sua voz que a mãe se sentiu amparada na sua desdita.
Olhou com afeto para o filho e, num tom de extremado carinho, disse: Meu filho!
O jovem, diante da pequena frase que ecoou em seu íntimo com mais força do que mil palavras de reprimenda, desatou a chorar.
Chorou e chorou, compulsivamente...
A comoção tomou conta de todos. As lágrimas rolaram quentes dos olhos daqueles pais sofridos. Também do professor e da diretora.
Após quase meia hora, as lágrimas foram cedendo lugar a certo alívio, como se uma chuva de bênçãos tivesse lavado o travo de fel que pairava sobre a assembleia.
Quebrando o silêncio, o garoto falou: Mãe, posso lhe prometer uma coisa? Vocês nunca mais virão à escola por motivos como este.
* * *
O jovem cumpriu sua promessa.
Um dia, o professor de Física o encontrou no corredor da escola e lhe perguntou:
O que fez você mudar, naquele dia?
O jovem, um tanto constrangido, respondeu: É que minha mãe nunca havia me chamado de "meu filho".
Aquelas duas palavras, professor, pronunciadas pela minha mãe com uma sonoridade espiritual tão profunda, foram o suficiente para eu mudar o rumo da minha vida.
O rapaz se foi, deixando o mestre absorto em seus pensamentos.
Em sua mente voltou a cena daquele dia distante.
Intimamente, pensou sobre qual seria a situação desse moço, se tivesse sido expulso da escola.
Pensou também na força da expressão: Meu filho! E ficou a imaginar quão poderoso é o afeto de mãe.
Como homem notável e admirável educador, concluiu, em seus lúcidos raciocínios: o dia que as mães quiserem, elas mudarão o mundo.
* * *
Essa história teve um final feliz graças ao gesto de um professor que, como um raio de luz, penetrou aqueles corações com tamanha suavidade, sendo capaz de mudar para sempre a vida daquela família.
Pensemos nisso sempre que o nosso parecer for solicitado diante de qualquer situação.
Redação do Momento Espírita, com base em palestra de Raul Teixeira, em Campo Largo/PR, no dia 10.12.2005.
Em 13.2.2025
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