domingo, 2 de março de 2025

O preço da eleição no Maranhão: política ou negócio? - artigo de Simplicio Araújo


O preço da eleição no Maranhão: política ou negócio?

Por Simplicio Araújo

Nos bastidores da política maranhense, uma pergunta se repete: quanto custa eleger um deputado federal hoje? A resposta, longe de envolver apenas o mérito ou a trajetória dos candidatos, passa por cifras milionárias, esquemas de emendas e o peso do dinheiro na disputa eleitoral.

Desde a eleição de 2022, tornou-se evidente que a política no Maranhão já não é mais a arte de conquistar votos com ideias e propostas, mas sim um grande negócio. Candidatos foram impulsionados por emendas parlamentares que, em vez de resultarem em obras ou melhorias para a população, serviram para irrigar campanhas. Relatos indicam que algumas eleições de deputado federal chegaram a custar R$ 100 milhões, não apenas garantiram uma vaga na Câmara dos Deputados, mas também para puxar aliados para a Assembleia Legislativa.

Esse mesmo esquema alimentou candidaturas majoritárias, incluindo concorrentes ao governo estadual. No entanto, o destino final de tanto dinheiro ainda permanece uma incógnita para a maioria da população, todo mundo fala em dinheiro, mas ninguém vê as obras.

A estrutura de financiamento das campanhas se tornou tão robusta que, em 2022, a maioria dos deputados federais maranhenses já contava com a indicação de emendas que variavam entre R$ 30 milhões e R$ 500 milhões. Agora, investigações apontam que um percentual dessas emendas pode ser desviado por meio de propinas que variam de 10% a 25%, criando um ciclo vicioso que transforma mandatos em verdadeiras máquinas de arrecadação e reeleição.

Diante desse cenário, quem quiser entender o real custo de um mandato no Maranhão precisa descartar critérios como competência, trabalho ou histórico político. O que define a eleição hoje é a soma dos recursos públicos à disposição dos candidatos — seja por meio de prefeituras, governos ou emendas parlamentares — e, em alguns casos, o poder financeiro de suas próprias empresas.

O resultado desse modelo é alarmante: a população praticamente não tem chances de eleger representantes que, de fato, expressem seus anseios e necessidades. No jogo eleitoral do Maranhão, os representantes do dinheiro seguem vencendo de goleada.


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