Tarifaço de Trump no espelho da Grande Depressão
09/04/2025
Arthur Toniza*
Em 1930, o Presidente Herbert Hoover dos Estados Unidos passou o Ato Tarifário de 1930, também conhecido como “A Tarifa de Smoot-Hawley”, uma homenagem aos seus criadores. Tal ato foi aprovado em ambas as casas do Congresso como uma resposta aos eventos que culminaram na crise econômica de 1929, também chamada de Grande Depressão, e visavam tarifar diversos produtos importados em uma tentativa de reviver a economia americana.
No ano de 2025, o Presidente Donald Trump assinou uma série de medidas protetivas e o estabelecimento de diversas novas tarifas, muitas inclusive contra aliados históricos da nação americana, em uma tentativa de expandir o setor manufatureiro do país.
Karl Marx, filósofo e sociólogo alemão, uma vez disse que a história se repete, a primeira vez como tragédia, e a segunda como farsa, tanto em 1930 quanto em 2025 o presidente no poder é um membro do partido Republicano, em ambos os anos as duas câmaras do Congresso eram dominadas pelo partido governista e claro, em ambos os anos o país passava por ampla convulsão social.
Os atos protecionistas passados em 1930 fizeram com que houvessem tarifas retaliatórias de outras economias industrializadas contra os EUA, piorando a situação econômica do país e fazendo com que a crise se estendesse até 1932, o que acarretou na eleição do democrata Roosevelt para a presidência, acabando com a hegemonia quase ininterrupta dos Republicanos no poder executivo federal, que durava desde 1860.
A resposta aos atos de Trump se mostram similares: a União Europeia abriu conversas mais extensas com a China, visando substituir a importação de produtos americanos e ter um novo mercado no oriente. Na Ásia, a China, o Japão e a Coreia do Sul, países com relações diplomáticas no mínimo hostis, se juntaram após 5 anos, em uma conferência para elaborar uma resposta ao novo posicionamento dos yankees.
E por fim, no dia 7 de abril deste ano, diversas bolsas acordaram em crise, com o Secretário Chefe do Tesouro britânico afirmando em entrevista com a BBC que “A globalização acabou”.
É essencial ressaltar que a situação de ambas as épocas é extremamente diferente, com novos jogadores no cenário global e economias mais diversificadas do que no meio do século passado, porém, muito ainda pode ser estudado para que os erros do passado não se repitam no presente e não vejamos o mundo mergulhar em uma nova era de retrocesso econômico mundial na escala que vimos na Grande Depressão.
Por fim, gostaria de deixar uma indagação: seria isso uma movimentação macroeconômica planejada ou atos desesperados de um império que se sente ameaçado por medo do fim de sua hegemonia global? Diversos economistas, em suas escolas de pensamento particulares, tentam prever as consequências dos recentes atos, porém, nós devemos esperar e rezar para que a situação econômica mundial se estabilize logo.
*Arthur Toniza é bacharel em Direito
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