sábado, 14 de junho de 2025

ATOS DOS APÓSTOLOS, 7 - A defesa de Estêvão



ATOS DOS APÓSTOLOS, 7

A defesa de Estêvão

¹ Então, lhe perguntou o sumo sacerdote: Porventura, é isto assim?

² Estêvão respondeu: Varões irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã,

³ e lhe disse: Sai da tua terra e da tua parentela e vem para a terra que eu te mostrarei.

⁴ Então, saiu da terra dos caldeus e foi habitar em Harã. E dali, com a morte de seu pai, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.

⁵ Nela, não lhe deu herança, nem sequer o espaço de um pé; mas prometeu dar-lhe a posse dela e, depois dele, à sua descendência, não tendo ele filho.

⁶ E falou Deus que a sua descendência seria peregrina em terra estrangeira, onde seriam escravizados e maltratados por quatrocentos anos;

⁷ eu, disse Deus, julgarei a nação da qual forem escravos; e, depois disto, sairão daí e me servirão neste lugar.

⁸ Então, lhe deu a aliança da circuncisão; assim, nasceu Isaque, e Abraão o circuncidou ao oitavo dia; de Isaque procedeu Jacó, e deste, os doze patriarcas.

⁹ Os patriarcas, invejosos de José, venderam-no para o Egito; mas Deus estava com ele

¹⁰ e livrou-o de todas as suas aflições, concedendo-lhe também graça e sabedoria perante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador daquela nação e de toda a casa real.

¹¹ Sobreveio, porém, fome em todo o Egito; e, em Canaã, houve grande tribulação, e nossos pais não achavam mantimentos.

¹² Mas, tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou, pela primeira vez, os nossos pais.

¹³ Na segunda vez, José se fez reconhecer por seus irmãos, e se tornou conhecida de Faraó a família de José.

¹⁴ Então, José mandou chamar a Jacó, seu pai, e toda a sua parentela, isto é, setenta e cinco pessoas.

¹⁵ Jacó desceu ao Egito, e ali morreu ele e também nossos pais;

¹⁶ e foram transportados para Siquém e postos no sepulcro que Abraão ali comprara a dinheiro aos filhos de Hamor.

¹⁷ Como, porém, se aproximasse o tempo da promessa que Deus jurou a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito,

¹⁸ até que se levantou ali outro rei, que não conhecia a José.

¹⁹ Este outro rei tratou com astúcia a nossa raça e torturou os nossos pais, a ponto de forçá-los a enjeitar seus filhos, para que não sobrevivessem.

²⁰ Por esse tempo, nasceu Moisés, que era formoso aos olhos de Deus. Por três meses, foi ele mantido na casa de seu pai;

²¹ quando foi exposto, a filha de Faraó o recolheu e criou como seu próprio filho.

²² E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras.

²³ Quando completou quarenta anos, veio-lhe a ideia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel.

²⁴ Vendo um homem tratado injustamente, tomou-lhe a defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio.

²⁵ Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles, porém, não compreenderam.

²⁶ No dia seguinte, aproximou-se de uns que brigavam e procurou reconduzi-los à paz, dizendo: Homens, vós sois irmãos; por que vos ofendeis uns aos outros?

²⁷ Mas o que agredia o próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz sobre nós?

²⁸ Acaso, queres matar-me, como fizeste ontem ao egípcio?

²⁹ A estas palavras Moisés fugiu e tornou-se peregrino na terra de Midiã, onde lhe nasceram dois filhos.

³⁰ Decorridos quarenta anos, apareceu-lhe, no deserto do monte Sinai, um anjo, por entre as chamas de uma sarça que ardia.

³¹ Moisés, porém, diante daquela visão, ficou maravilhado e, aproximando-se para observar, ouviu-se a voz do Senhor:

³² Eu sou o Deus dos teus pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Moisés, tremendo de medo, não ousava contemplá-la.

³³ Disse-lhe o Senhor: Tira a sandália dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.

³⁴ Vi, com efeito, o sofrimento do meu povo no Egito, ouvi o seu gemido e desci para libertá-lo. Vem agora, e eu te enviarei ao Egito.

³⁵ A este Moisés, a quem negaram reconhecer, dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz? A este enviou Deus como chefe e libertador, com a assistência do anjo que lhe apareceu na sarça.

³⁶ Este os tirou, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, assim como no mar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos.

³⁷ Foi Moisés quem disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim.

³⁸ É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir.

³⁹ A quem nossos pais não quiseram obedecer; antes, o repeliram e, no seu coração, voltaram para o Egito,

⁴⁰ dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque, quanto a este Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu.

⁴¹ Naqueles dias, fizeram um bezerro e ofereceram sacrifício ao ídolo, alegrando-se com as obras das suas mãos.

⁴² Mas Deus se afastou e os entregou ao culto da milícia celestial, como está escrito no Livro dos Profetas: Ó casa de Israel, porventura, me oferecestes vítimas e sacrifícios no deserto, pelo espaço de quarenta anos,

⁴³ e, acaso, não levantastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras que fizestes para as adorar? Por isso, vos desterrarei para além da Babilônia.

⁴⁴ O tabernáculo do Testemunho estava entre nossos pais no deserto, como determinara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto.

⁴⁵ O qual também nossos pais, com Josué, tendo-o recebido, o levaram, quando tomaram posse das nações que Deus expulsou da presença deles, até aos dias de Davi.

⁴⁶ Este achou graça diante de Deus e lhe suplicou a faculdade de prover morada para o Deus de Jacó.

⁴⁷ Mas foi Salomão quem lhe edificou a casa.

⁴⁸ Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta:

⁴⁹ O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?

⁵⁰ Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?

⁵¹ Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis.

⁵² Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos,

⁵³ vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes.

A morte de Estêvão

⁵⁴ Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele.

⁵⁵ Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita,

⁵⁶ e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus.

⁵⁷ Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele.

⁵⁸ E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.

⁵⁹ E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!

⁶⁰ Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.


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