O sarneismo segue nos que substituíram Sarney
Roberto Kenard
Pedem-me muito para escrever mais sobre o Maranhão. Além de minha falta de tempo, o Brasil, sob o lulopetismo, regride a cada manhã, o que acaba tomando o pouco tempo que tenho. Mas vamos ao Maranhão.
Durante várias décadas, o discurso político no Maranhão se resumiu ao antissarneismo. Nada de errado, até aí, afinal, Sarney era o mandachuva. Mas eu acrescentava: é preciso reunir a oposição em torno de um projeto mínimo de desenvolvimento. Isso jamais aconteceu.
Resultado: Sarney está fora do poder, por decurso de prazo. Mas o espírito do sarneismo segue atuante. Quero dizer: os novos donos do poder não fizeram absolutamente nada de diferente. O Maranhão prossegue garboso, crescendo como rabo de cavalo. Até Piauí e Alagoas, que por décadas nos faziam companhia, deram um pequeno e frágil salto e nos deixaram sozinhos no último lugar em tudo.
Nos anos 1980, fui o primeiro e único jornalista a alertar, num artigo, que o problema básico do Maranhão era de renda. O maranhense tinha uma renda baixíssima. Ninguém se interessou pelo assunto. E o problema segue o mesmo. E qual a razão para isso? Simples: o Maranhão é um Estado improdutivo. Não espanta que mais da metade da população viva de Bolsa Família.
De quando o governador José Reinaldo Tavares quebrou as pernas do sarneismo, em 2006, rompendo com seu padrinho político e elegendo o oposicionista Jackson Lago, para cá, em que o Maranhão mudou? Em nada, absolutamente. Ficamos com as mesmas práticas políticas e com seu natural resultado: o desastre social. Coisa bem diferente do que se passou no Ceará. Ali, os coronéis da política foram derrubados e o Estado passou por avanços espantosos, em todas as áreas.
Voltarei ao assunto no próximo artigo, em que pretendo mostrar as potencialidades do Maranhão, que o espírito do sarneismo, que perdura em corpos com sobrenome diferente, não desenvolve.
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