Do Acervo de Mhario Lincoln
Por José de Oliveira Ramos
(zeoliveira43ramos@gmail.com)
Nota do Editor: Desde meus parcos tempos de
jornalismo, em meador de 1971, quando iniciei ao lado de Eloi Cutrim,
como repórter fotográfico, cobrindo polícia para o bravo Jornal Pequeno,
aprendi com o mestres do jornalismo que nunca se deve impor a pauta. O
que se pode fazer é sugerir o caminho dos fatos. A sensibilidade para
descobrir qual assunto é realmente relevante, isso fica por conta do
talento e do feeling do jornalista. Por isso é que hoje poucos são os jornalistas. E dentre esses, considero altamente relevante o feeling
de José de Oliveira Ramos, a quem, por quase insistência ou pedido
acirrado, aceitou ser esse destaque que é entre um dos jornalistas mais
comentados da história do Portal Mhario Lincoln do Brasil, hoje,
resumidamente (por enquanto) nestas simples páginas de internet.
Obrigado.
Mas, eis a matéria de ZéOliveira, hoje. Seja bem-vindo.
"Roubar, é falta de caráter, de inteligência ou as duas coisas juntas?"
Ninguém me pediu para escrever sobre o assunto seguinte. Um dos
motivos que nos fez aceitar o convite do Editor para colaborar com o
portal, é a total liberdade de escolher o tema, sem esquecer a
responsabilidade, a ética, a honestidade e, acima de todos esses itens, o
bom jornalismo. E, mesmo sem jamais ter conversado algo sobre essas
particularidades, no dia em que o Editor sugerir – ainda que de longe
pareça também imposição – pegamos nosso boné e vamos cantar noutra
freguesia.
Assim, para tentar escrever alguma coisa que possa fazer sentido,
resolvemos ligar a máquina que conduz ao Túnel do Tempo, começando por
folhear algumas anotações ainda vivas (e úteis, embora envelhecidas e
amarelecidas pelo óbvio) no caderno Avante, e recorrendo a autores da
História do Brasil nos séculos passados e escritas como matéria escolar
par as gerações subsequentes.
Irmãos Metralha – ícones e ídolos dos ladrões
Autores como R. Hadock Lôbo, Alcindo Muniz de Souza, Haroldo de Azevedo e tantos outros, escreveram em síntese que, “não
tivessem os exploradores roubado tanto ouro, diamante, pedras preciosas
e Pau Brasil, este Brasil continental seria uma grande e rica Nação.”
Algo
que se assemelhe aos dias atuais ou uma “continuidade” da História do
Brasil? Será que um dia alguém terá coragem suficiente para transformar
isso em matéria escolar?
Quem estudou, em vez de ficar consumindo
Nescau e mingau de leite Ninho, já leu em algum lugar algumas narrativas
sobre o “Santo do Pau Ôco”, uma das muitas formas utilizadas para a
saída do ouro, diamantes e pedras preciosas do Brasil para a Europa.
Medidas
profiláticas e ações saneadoras da época, garantem, acabaram com o
desvario. Eram, asseguram, muitos estrangeiros roubando o que o Brasil
tinha de precioso.
Acabou isso?
Os “estrangeiros” continuam roubando o Brasil?
Atenção! Paremos! Desliguemos a “Máquina do Túnel do Tempo” e liguemos por óbvio e necessário, a “máquina da realidade e atual”.
O que é que alguns entendem como “roubar”?
Roubar seria “algo bom”? Algo edificante?
E quem “rouba” para ser rico e usufruir indignamente do produto do roubo, quando “bate as botas”, leva algo no caixão?
Alguém terá orgulho de edificar sua família a partir de riqueza construída com roubo?
Enfim, roubar, é falta de caráter, de inteligência ou as duas coisas juntas?
No Brasil, com o apoio formal de algumas
leis, parece que roubar é algo bom, edificante – porque os praticantes
dirão sempre que todos roubam.
OBSERVAÇÃO – Há poucos dias atrás, o hoje
investigado Vaccari foi “convocado” para prestar depoimento numa CPI
sobre provável envolvimento com roubo e corrupção que estão produzindo
esse lamaçal do pau ôco e, dizem, teria recebido “autorização” para
atender à convocação, sem a restrita obrigação de falar a verdade.
Alguém definiu isso como um salvo-conduto para mentir. Há quem afirme,
ainda, que a “autorização” teria partido de um Ministro do Supremo
Tribunal Federal, a maior corte judicante do País.
Foi isso mesmo que aconteceu?
Assim, que terminologia é dada no Brasil para o “roubar”?
Brasileiro, ladrão idiota e burro, rouba até imagem de santo. Para quê e por quê roubar uma imagem?
E,
essa inteligência esmerada não é algo recente. É antigo. Muito antigo.
Tempos passados, no colégio, meninos roubavam dos outros, borracha,
folha de caderno, lápis e roubavam da escola até apagadores e pedaços de
giz.
Para que serve um pedaço de giz roubado e em casa?
E, quando
chegava em casa com os bolsos cheios de pedaços de giz, o menino sequer
era importunado pelos pais. Tal qual alguns pais de hoje que, em vez de
aplicar corretivos, elogiam: “esse moleque é esperto”!
Pois, tenha
coragem e mude esse holofote para os assuntos e momentos atuais. O caso
da Petrobras é típico do Brasil, e também não é nenhuma novidade, da
mesma forma que não é algo novo os responsáveis (de uma forma ou de
outra) minimizarem as coisas e, por evidentes participações nos
conluios, usarem meios e as benesses que o poder confere, para “abafar”
casos e atitudes que, na verdade, se iniciaram numa sequência dos
“santos do pau ôco”. É uma continuidade daquilo, daqueles tempos.
Alguém grite – “pega ladrão”!
Imaginemos
o que seria o Brasil, hoje, se nunca tivesse existindo nenhum tipo de
roubo, de corrupção, de safadeza. Se todos os esforços do homem
brasileiro tivessem sido encaminhados na direção da retidão e da coisa
certa.
Que teoria existe pra definir uma pessoa que, num país de
miseráveis, onde existe um Salário Mínimo de pouco mais de R$700,00 –
ganha R$30.000,00 por mês, correspondendo a R$1.000,00 por dia, que
significam muito mais que os míseros R$700,00 que aquele mínimo oficial?
E
o que dizer desse que ganhar R$30 mil por mês e, insatisfeito, ainda se
dá ao despautério de roubar, de viver roubando para aumentar o que?
Aumentar a idiotice?
Que sabor tem uma vida construída sobre os alicerces do roubo?
Quem
constrói tudo ao lado das paredes que escondem o “diferente” patrimônio
erigido graças ao roubo, terá um dia coragem de “passa-lo aos filhos” e
lembrar para que eles façam uma boa administração daquilo?
Seis “milhões” roubados na Petrobras
Quem roubou muito ou pouco, paga caro por qualquer coisa e pouco lhe dá valor, é apenas porque não suou para ganhar. Só isso!
Quem
cria a galinha da Terra, come com as mãos e rói os ossinhos, porque
aquilo tem o sabor da labuta e da honestidade. Comer galinha da Terra de
garfo e faca, segurando-os com as pontas dos dois dedinhos... não está
dando bom sinal!
Não é bom falar em corda na casa onde morreu alguém enforcado.
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