Diante de graves dificuldades, grandes líderes costumam oferecer a seus governados “sangue, suor e lágrimas”. É claro que ninguém, em sã consciência, esperaria de Dilma Rousseff e seus petistas aloprados nada com tanta altivez. O que o governo petista tem a ofertar são cargos, dinheiro e chantagem.
É à base destes combustíveis que os governos petistas têm
conseguido se manter de pé, seja na gestão diária da máquina pública, nas
votações no Congresso ou na sua relação com poderosos interesses econômicos,
como se vê revelado cotidianamente pelas investigações levadas adiante pela
Operação Lava Jato.
No entanto, este modelo tóxico de gestão e comando tem
atingido seu paroxismo nas últimas semanas, com as movimentações do governo
Dilma para aprovar seu arrocho fiscal. Será posto em prática novamente hoje,
com intensidade redobrada, na votação da medida provisória 664 que trucida
benefícios previdenciários.
Com as mudanças propostas pelo governo, e já atenuadas nas
discussões preliminares na Câmara, será preciso contribuição mínima de 18 meses
para que o segurado tenha direito a legar pensão por morte a seus familiares.
Hoje não há esta exigência. O benefício deixa de ser vitalício para quem tem
menos de 44 anos de idade. Também muda o cálculo do auxílio-doença.
Na semana passada, o governo foi salvo por alguns
parlamentares da oposição para conseguir dar a primeira volta no torniquete do arrocho,
na votação que cortou direitos trabalhistas. Sem a margem de votos buscados
entre deputados do DEM, do PSB e do SD, o ajuste fiscal teria simplesmente
implodido. Desde então, para reduzir riscos, o governo decidiu escancarar sua
máquina de comprar apoio.
Na mesa, comandada pelo vice-presidente da República, estão
estimados 200 cargos para serem distribuídos aos comensais do poder, incluindo
até as importantíssimas diretorias de agências reguladoras. O ministro da Casa
Civil, por sua vez, não disfarçou o método: “Quem governa com o governo tem
preferência nas indicações”, disse Aloizio Mercadante a O Estado de S. Paulo.
Nos últimos dias, houve um festival de nomeações, incluindo
diretorias de estatais, como Eletrobrás, Codevasf, Chesf e Banco do Brasil, e
de órgãos como Conab, Susep e Docas do Rio, para ficar apenas em alguns
exemplos listados hoje por O Globo.
Nenhuma novidade em se tratando do grupo político que, desde
o primeiro dia em que assumiu o poder adotou a chantagem e a partilha do butim
do Estado como prática de governo, conforme explicitou a confissão feita por
Lula a José Mujica e publicada em livro pelo ex-presidente uruguaio. A prática
que começou com o mensalão e foi às alturas com o petrolão continua ativa e
operante.
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