quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Banco levantou suspeita de que Cunha praticou lavagem, diz Suíça

LEANDRO COLON
DE LONDRES

(Da Folha) 

A Procuradoria-Geral da Suíça informou nesta quinta-feira (1º) que um banco suíço foi o responsável por levantar suspeitas contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Em um comunicado, a Procuradoria diz que recebeu em abril deste ano um relatório sobre "lavagem de dinheiro" de um banco no país referente ao deputado. "Depois da abertura de um processo, os ativos de Eduardo Cunha foram bloqueados", declarou o Ministério Público suíço, em sua primeira manifestação oficial sobre o tema.

Assim como a Procuradoria-Geral da República anunciou nesta quarta (30) no Brasil, as autoridades suíças confirmaram que abriram ação criminal contra Cunha sob suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva e que repassou todo material para o território brasileiro.

"Como Eduardo Cunha é cidadão brasileiro, ele não pode ser extraditado para a Suíça. Por essa razão, a OAG (Procuradoria da Suíça), através do Departamento de Justiça da Suíça, transferiu os procedimentos contra Cunha para o Brasil para que ele possa ser investigado e julgado pelas autoridades judiciais brasileiras", declarou a Procuradoria-Geral da Suíça.



O fio da meada que levou a contas atribuídas a Cunha na Suíça surgiu com o rastreamento de recursos que passaram por contas de João Augusto Henriques.

Ligado ao PMDB e preso na Lava Jato em 21 de setembro, ele admitiu que fez depósito em uma conta no exterior que tinha Cunha como beneficiário.

Pela versão de Henriques, ele não sabia que a conta pertencia ao deputado do PMDB. Ele disse que só soube que Cunha era o controlador da conta, mais tarde, por autoridades suíças.

No depoimento ele não citou nem o valor nem data da operação.

O pagamento, segundo o lobista, era devido a uma comissão para o economista Felipe Diniz, filho do deputado federal Fernando Diniz (PMDB-MG), morto em 2009. Diniz teria direito a uma comissão por ter ajudado no negócio de aquisição pela Petrobras de um campo de exploração em Benin, na África.

Cunha já foi citado por dois delatores da Operação Lava Jato –os lobistas Júlio Camargo e Fernando Soares, o Fernando Baiano– como destinatário de US$ 5 milhões que seriam propina em um afretamento de navios-sondas pela diretoria internacional da Petrobras, controlada pelo PMDB.

Cunha voltou a se negar na noite desta quarta-feira (30) a dizer se ele e familiares têm contas bancárias na Suíça.

"Querido, eu não vou comentar. Na medida que dizem que tem alguma coisa, vamos esperar que apareça. Não vou comentar, não vou cair na armadilha de dar para você qualquer tipo de lide [principal informação de uma reportagem] dessa situação", afirmou Cunha, em entrevista coletiva.

Ele disse que só seu advogado irá se manifestar. "Não há o que falar, não vou ficar todo dia fomentando, amanhã vai surgir outra coisa, vai ser assim, já estou preparado. Tenho que cumprir a orientação dele [advogado] que me proibiu de falar, se eu falar é capaz de ele não querer me defender mais", acrescentou o peemedebista.

Desde que seu nome surgiu com mais ênfase no escândalo, Cunha acusa o governo de agir nos bastidores para incriminá-lo. Ele também diz que a Procuradoria escolheu a quem investigar.

"Está muito claro para mim que a cada dia sempre surge uma coisa nova. A minha é escolha é uma coisa que já tá feita há muito tempo."

Colaboraram RANIER BRAGON e GRACILIANO ROCHA

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