Representantes do Ministério da Saúde estiveram em Curitiba nesta semana para acompanhar como o programa #Tamojunto, que estimula a prevenção do uso de drogas entre estudantes, tem sido trabalhado no município e pactuar a expansão de outro projeto na rede municipal de ensino. A capital paranaense tem sido considerada um caso de sucesso, com resultados positivos e atuação intersetorial exemplar. Agora, Curitiba também dará continuidade ao trabalho com o Jogo Elos, que tem a finalidade de abordar indiretamente o mesmo tema com meninos e meninas mais novos.
“Consideramos a experiência de Curitiba como um caso de
sucesso no País. A intersetorialidade aqui foi muito forte e o trabalho é feito
com muita qualidade. Os números aqui são superiores aos dos outros municípios
brasileiros”, afirma a coordenadora dos Programas de Prevenção do Uso e Abuso
de Álcool e Outras Drogas do ministério, Sâmia Abreu. Curitiba está entre os 22
municípios do País que conduzem o #Tamojunto.
Em Curitiba, o #Tamojunto foi implantado no começo de 2014 e
atingiu 4,5 mil estudantes de escolas municipais com idades entre 13 e 15 anos
e 852 familiares e responsáveis. O Município tem 151 profissionais de saúde,
educação e assistência social capacitados para dar continuidade ao projeto. A
meta curitibana é impactar 8 mil jovens até o final de 2016, expandindo o
programa também para instituições da rede estadual de ensino.
“A ação intersetorial que temos conduzido em Curitiba, com a
participação das secretarias da Educação e da Saúde e da Fundação de Ação
Social (FAS), engrandece nossos esforços para conscientizar adolescentes e
familiares sobre a prevenção ao uso de álcool e drogas. Adaptar metodologias
testadas em outros países para a nossa realidade faz com que os nossos passos
sejam maiores e possamos trazer mudanças efetivas na vida dos jovens e das suas
famílias”, diz o secretário municipal da Saúde, César Monte Serrat Titton,
lembrando do caso de um pai que, depois de duas oficinas do #Tamojunto, voltou
transformado. Estava mais arrumado, dizendo que havia parado de beber para ser
um exemplo melhor para os filhos.
#Tamojunto
O trabalho é conduzido com os jovens ao longo de um semestre
letivo, com 12 aulas, além de três oficinas com pais e responsáveis. Durante os
encontros, os alunos têm a oportunidade de associar as mensagens sobre drogas
ao dia a dia e debatê-las com os colegas, fortalecendo habilidades pessoais e
sociais, como pensamento crítico e criativo, tomada de decisões, resolução de
problemas, comunicação eficaz, assertividade, autoconhecimento, empatia, entre
outros.
“Focando as ações de prevenção nos primeiros anos da
adolescência, as chances de influenciarmos esses jovens aumentam muito.
Precisamos atuar além das normativas e das imposições, de uma forma dinâmica e
participativa, para que esses jovens se posicionem pelo não uso das drogas sem
que se coloquem em risco ou sintam-se fragilizados diante das pessoas com quem
convivem ou no ambiente em que vivem”, afirma o diretor do Departamento de
Políticas sobre Drogas, Marcelo Dias Kimati.
Professores são capacitados em uma formação de 16 horas, da
qual também participam gestores escolares, profissionais de saúde e assistentes
e educadores sociais dos Centros de Referência da Assistência Social (Cras).
Entre as atividades em sala estão momentos de roda de conversa, valorização de
opiniões, momentos de reflexão em silêncio e jogo de perguntas e respostas. “Os
professores são atores fundamentais nesse processo, já que eles podem
aproveitar a relação e o conhecimento que têm sobre cada aluno para atraí-los e
engajá-los nessas atividades”, diz a coordenadora do projeto, Paula Cordeiro.
O #Tamojunto é uma iniciativa do Ministério da Saúde
inspirada no programa europeu Unplugged – que em inglês significa desligado, na
tradução livre para o português –, desenvolvido por pesquisadores e conduzido
pela Experiência de Prevenção do Uso de Drogas na Europa (EU-DAP). "Temos
o desafio de vencer o forte apelo que as drogas têm com os jovens e reforçar
seus vínculos comunitários e familiares. Todo esforço despendido com esse
objetivo ajuda muito essa causa", afirma a presidente da FAS, Marcia
Oleskovicz Fruet.
Jogo Elos
Direcionado a crianças entre 6 e 10 anos, o Jogo Elos é um
programa preventivo articulado pelo governo federal que tem o intuito de
construir novos modos de convivência social a partir de uma proposta lúdica. O
projeto também foi inspirado em uma experiência estrangeira – desenvolvida na
década de 1960 por pesquisadores dos Estados Unidos – e está presente em 15
municípios brasileiros.
Divididos em equipes, os estudantes são estimulados a seguir
determinadas regras de convivência, combinadas previamente em conjunto com
colegas e professor, que venham a impactar sobre comportamentos agressivos,
hiperativos, tímidos e de isolamento. Esse tipo de atitude é considerado como
fator de risco para possíveis problemas psicossociais, como o envolvimento com
o álcool e drogas e a prática do bullying.
“Esse encontro com os representantes do governo federal
firma a continuidade do #Tamojunto e a implantação do Jogo Elos de forma
gradativa na rede municipal de ensino. A previsão é de que até o final de 2016,
o projeto já esteja em andamento em oito escolas. É um projeto voltado para
crianças menores e que potencializa o que elas têm de melhor”, afirma a
secretária municipal da Educação, Roberlayne Roballo.
O trabalho tem duração de 10 a 30 minutos e pode ser
proposto aos alunos de três a cinco vezes por semana ao longo de todo o ano
letivo. Cabe ao professor monitorar os alunos ao longo das atividades
propostas, mapear o comportamento deles e trabalhar em conjunto com
profissionais de saúde para propor novas ações que tragam impacto nas atitudes
dos estudantes.
Para a supervisora do Jogo Elos no Ministério da Saúde,
Flora Lorenzo, Curitiba caminha para ser referência também nessa outra
proposta. “Já temos resultados positivos com o Jogo Elos tanto a nível nacional
como aqui em Curitiba [um piloto do projeto foi implantado em uma escola do
município em 2014]. A cidade tem plenas condições para expandir a ação para
outras escolas e conseguir mais resultados exitosos”, comenta.
Dados
Um estudo do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
(Cebrid) mostrou que, em 2010, 60,5% dos estudantes brasileiros já tinham
provado álcool e 25,5% já haviam provado algum tipo de entorpecente, como
maconha, cocaína, crack, êxtase, anfetaminas e solventes. Em Curitiba,
estimava-se que, em 2013, 78,1% dos jovens entre 13 e 15 anos já tinham
experimentado bebida alcoólica alguma vez na vida. Em relação a drogas
ilícitas, um estudo de 2012 revelou que 14,4% dos estudantes curitibanos
afirmaram que já tinham experimentado algum tipo.
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