Vamos esquecer um pouco os fatos de hoje.
Aliás, vi uma foto
do Sarney quando ele tinha 14 anos – fardado de liceista... Um dia desses - mesmo sem a permissão do
senador: e ele não vai me processar por
isso – publicarei a cuja/citada foto como lembrança para a história..., e, como dizem os que gostam da intriga, para uma apreciação do visconde Saraiva
Barroso, que não conheceu o José na juventude... Aliás, (novamente, aliás), de verdade, tudo no
Maranhão de hoje passa pela apreciação do Visconde...
Também, nesta manhã deste agora, não quero falar - ou
escrever - sobre Cunha ou Dilma... Chaga!... Vão ser cassados...
Vou arrancar um artigo do Visconde! (não do Saraiva Barroso,
mas do de outro Visconde - o de Ouro Preto). Trago-o de lá de uma Edição de Veja na
História...
Pelo que vi, o artigo do Visconde de Ouro Preto (Afonso
Celso de Assis Figueiredo) tem data de 20 de Novembro de 1889.
Vejam:
Contra a ditadura militar
Visconde de Ouro Preto
Seguramente estão vivas na lembrança do público as
circunstâncias em que aceitei o poder no dia 7 de junho do corrente ano.
Convém, porém, recordar em rápida resenha os atos desse ministério que durou
apenas cinco meses e poucos dias. Explorando os interesses contrariados pela
abolição da escravidão, chegara a propaganda republicana ao maior auge,
conquistando dia a dia novos prosélitos, especialmente nas classes da lavoura e
do comércio, mais diretamente prejudicadas por aquele grande ato. As demais
classes importante do país também se mostravam possuídas de profunda descrença
ou completo desânimo. O Partido Conservador, de posse do governo desde 1885,
fracionara-se em dois grupos, que depois de se hostilizarem cruamente se
confessaram impotentes para dirigir os negócios públicos.
Tal era, em resumo, a situação quando a confiança da Coroa,
confirmando a indicação do meu partido, conferiu-me a missão de organizar o
gabinete. Apresentei-me ao Parlamento com um programa francamente democrático,
comprometendo-me a realizar reformas liberais, que inutilizassem virtualmente a
propaganda republicana e, de par com elas, melhorassem as condições econômicas
e financeiras do país. A repulsa formal da Câmara dos Deputados, em sua grande
maioria composta de adversários, posto que nada mais lhe pedisse além dos meios
indispensáveis de governo, obrigou-me a dissolvê-la, convocando eleições para
dia 31 de agosto passado.
Sem a menos violência, sem se socorrer dos meios de
corrupção, o gabinete de 7 de junho triunfou nas eleições, reunindo imensa e
lustrada maioria na Câmara dos Deputados. O programa de reformas políticas e
administrativas, na forma de projetos, seria submetido ao Parlamento logo no
primeiro dia útil das sessões legislativas. Tais projetos, convertidos em lei,
imporiam silêncio à propaganda republicana, demonstrando praticamente que sob a
monarquia constitucional representativa pode operar-se a máxima
descentralização administrativa, com a maior expansão de todas as liberdades e
garantias.
Batidos nas urnas, pois apesar da aliança com o Partido
Conservador não conseguiram eleger senão dois deputados, os republicanos
apelaram, como recurso extremo, para uma sedição militar. E ele fez-se, e
triunfou em presença da nação, tomada de surpresa, e depois coagida pelas
violências praticadas para conservar o poder.
O império não foi a ruína. Foi a conservação e o progresso.
Durante meio século manteve íntegro, tranqüilo e unido território colossal. O
império converteu um país atrasado e pouco populoso em grande e forte
nacionalidade, primeira potência sul-americana, considerada e respeitada em
todo o mundo civilizado. O império aboliu de fato a pena de morte, extinguiu a
escravidão, deu ao Brasil glórias imorredouras, paz interna, ordem, segurança
e, mas que tudo, liberdade individual como não houve jamais em país algum.
Quais as faltas ou crimes de D. Pedro II, que em quase cinqüenta anos de
reinado nunca perseguiu ninguém, nunca se lembrou de uma ingratidão, nunca
vingou uma injúria, pronto sempre a perdoar, esquecer e beneficiar? Quais os
erros praticados que o tornaram merecedor da deposição e exílio quando, velho e
enfermo, mais devia contar com o respeito e a veneração de seus concidadãos?
A República brasileira, como foi proclamada, é uma obra de
iniqüidade. Se não tenho completamente obliterado o parco entendimento que Deus
me concedeu, não é infundada a convicção de que não perdurará. A República se
levantou sobre os broquéis da soldadesca amotinada, vem de uma origem
criminosa, realizou-se por meio de um atentado sem precedentes na História e
terá uma existência efêmera. Nada significam as adesões que apregoa surgirem de
todos os pontos do império. Originam-se do terror ou partem da multidão
interesseira dos descontentes da situação decaída e daqueles que, ainda em
maior número, esperam lucrar com a que se inaugurou – massa flutuante que adere
a quem pode, no momento, fazer o mal ou distribuir favores. Devorar-se-ão entre
si os que se aliaram para dominar o país, contra o voto e por ele solenemente
expresso de manter as instituições que o regiam. Ou prevalecerá a caudilhagem
militar, sacrificadas as liberdade cívicas, como em quase todos os Estados
sul-americanos. Ou o Exército será vítima dos demagogos de que se fez
instrumento. Uma nação de homens livres não suportará por muito tempo tão
intolerável regime. Dissipado o assombro de que foi tomada, a nação reagirá,
impondo sua vontade soberana.
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