domingo, 27 de novembro de 2016

As certezas e as incertezas


Crônica do amanhecer

Hélcio Silva

(27 / 11 / 2016)

Amanheci escrevendo poesia. Não sou bom de poema, mas faço uns poeminhas, vez por outra.

Olho a vida em torno de mim e pergunto o que ainda faço aqui: estou na idade do perdido: a tudo perde.

Na sexta-feira, perdi dois cartões de banco, no espaço da sala para o quarto, aqui na minha casinha de Upaon-Açu. Até hoje não os achei. 

Na noite de ontem - sábado - perdi o sabonete e não o encontrei, embora o tenha procurado até um pouco da noite avançada. Fui encontrá-lo esta manhã, por sobre a mesa... O andirobão, que é o nome do meu sabonete, passou a noite escondido ou, talvez, em alguma quebrada noturna!...

Nesses dois últimos dias que quase nada escrevi, embora estivesse com vontade, fiz apenas reflexões e indagações. Uma conclusão curiosa: o povo gosta de ler sobre os políticos... Renan, Sarney, Serra, Aécio, Dino, Waldir Maranhão, Roseana, Geddel, Gleisi, Requião, Dilma, Lula, Temer, Collor, Lobão, Cunha, Garotinho, Cabral e tantos outros são do time da pesada e fazem parte da preferência do leitor... É que o povo gosta de ler sobre eles ou vê-los da TV... Esse time não é barra limpa nem barra leve, mas é a elite do poder...

Fazer o quê?...”nóis aqui fica só sofrendo!...”

Porém, o grande prato das 72 horas, esticadas por mais alguns dias, é a morte de Fidel Castro... Contar fatos curiosos da vida ou da morte de Fidel é assunto dominante... Quer aumentar o acesso no blog?  É só falar ou escrever sobre o Fidel.

A morte do Fidel escondeu as “temerias” do Geddel... E o Geddel agradeceu...

Passado o tempo, o povo vai esquecer a aliança do Geddelzinho com aquela imobiliária da Bahia...

E parando para um olhar mais sério e preocupante, vejo que um dos maiores problemas deste país está nas drogas, no uso das drogas. Como livrar nossos jovens das drogas?

Li na manhã deste domingo o artigo de Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo, cujo título é: “O papa, a corrupção e as drogas”...

Lá pelo meio do texto do Arnaldo é lido: “Dependência química não tem cura, mas tem recuperação.”

Leio a frase e fico aqui na ilha com a minha incerteza: por que não tem cura? E se não tem cura, o que se entende por “mas tem recuperação”?... Neste caso, o que é recuperação?

Achei o artigo interessante, de boa leitura e importante para que todos leiam, pois que se trata de um assunto muito sério.

Leiam abaixo o artigo. A leitura é importante, principalmente pelos dias de hoje quando os nossos jovens estão em perigo:

O papa, a corrupção e as drogas


Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo*

O que destrói a Humanidade é a política sem princípios [corrupção e desvios]; o prazer sem compromisso [drogas/sexo descompromissado]... -  Mahatma Gandhi

Vivemos o milênio do consumismo e do ter. Indo na cauda dessa mentalidade, no Brasil e no mundo, inteligências brilhantes se envolvem na corrupção nos diversos meios sociais e políticos.

“Arnaldo, o que tem a ver isso com o novo papa Francisco?”

Recentemente, ele declarou que a corrupção é como uma droga que produz “dependência”. Francisco afirmou que “as pessoas se comportam com a corrupção como com as drogas: pensam que podem usá-las e deixá-las quando quiserem”.

Paulo Coelho (o autor de O alquimista, com mais de 65 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, livro que figura entre os cinco mais vendidos nos últimos 50 anos – e o livro brasileiro mais vendido de todos os tempos) também deu uma declaração semelhante à do papa Francisco, falando sobre as drogas que ele e Raul Seixas usaram: “O grande perigo da droga é que ela mata a coisa mais importante que você vai precisar na vida: o seu poder de decidir”.

Afirma ainda o escritor carioca, membro da Academia Brasileira de Letras: “A única coisa que você tem na sua vida é o seu poder de decisão. Você quer isso ou quer aquilo? Seja aberto, seja honesto. Realmente, a droga é fantástica, você vai gostar. Mas cuidado, porque você não vai decidir mais nada”.

Volto a Francisco, o papa argentino, que assim analisa o processo de iniciação na corrupção: “Começam com pouco: uma pequena soma aqui, um suborno lá... e entre esta e aquela, lentamente perdem a liberdade”; a corrupção produz “dependência e gera pobreza, exploração e sofrimento”.

Em saúde pública, a pessoa é considerada dependente quando tem dificuldade de parar ou diminuir o uso de drogas por decisão própria, mesmo querendo parar, mesmo percebendo os problemas relacionados ao seu uso.

Pelo visto a dependência da corrupção traz muitos prazeres para os homens, haja vista, para ficar em exemplos próximos, os gastos de determinados políticos envolvidos com os casos apurados pela Operação Lava Jato.

Você sabe o que é “fissura”? É uma vontade incontrolável que a pessoa sente de usar a droga com frequência.

Parece que é o caso dos políticos a que nos referimos, porque estão envolvidos em diversos desvios – nunca param em um só...

Dependência química não tem cura, mas tem recuperação. Será que a dependência da corrupção tem recuperação também?

Algumas características de comportamento são muitos semelhantes, para não dizer idênticos, nos adictos a drogas e a corrupção:

1ª) a negação;
2ª) a manipulação;
3ª) a desonestidade.

A doença da adicção em drogas é caracterizada pela compulsão física, obsessão mental pelo desejo e egocentrismo (o indivíduo só pensa nele mesmo).

Nosso mundo interior tem um juiz, a nossa consciência, mas ela pode ser obliterada pelos interesses imediatos e pelo meio, que pode obscurecê-la. Porém, um dia, ela vai estar liberta da matéria e vai falar mais alto.

Há uma crise geral no Brasil que envolve a questão social, política, religiosa e moral/ética. Sempre tive em mente que os políticos, homens públicos e autoridades nascem de nossas casas, de nossas ruas, de nossas cidades, e que quando formos melhores pais e educadores, nossos políticos também serão melhores – nossa sociedade será melhor. Porque a única mudança possível é dentro de nós mesmos – é nosso exemplo no dia a dia.
 
*Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é editor das editoras EME e Nova Consciência.

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