A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ
(Conselho Nacional de Justiça), ministra Cármen Lúcia, divulgou nota nesta
quarta-feira (30) em que lamenta o resultado da votação das medidas
anticorrupção na Câmara dos Deputados.
Para ela, o texto aprovado ameaça a independência dos
juízes. Os deputados aprovaram uma emenda que prevê punição a magistrados e
integrantes do Ministério Público por crimes de abuso de autoridade com base em
várias condutas, algumas de caráter subjetivo.
"A democracia depende de Poderes fortes e
independentes. O Judiciário é, por imposição constitucional, guarda da
Constituição e garantidor da democracia [...] Pode-se tentar calar o juiz, mas
nunca se conseguiu, nem se conseguirá, calar a Justiça", afirma a nota.
"A ministra Cármen Lúcia reafirma o seu integral
respeito ao princípio da separação de Poderes. Mas não pode deixar de lamentar
que, em oportunidade de avanço legislativo para a defesa da ética pública,
inclua-se, em proposta legislativa de iniciativa popular, texto que pode
contrariar a independência do Poder Judiciário", diz.
O pacote de dez medidas anticorrupção foi proposto pelo
Ministério Público Federal e reuniu assinaturas de cerca de 2,3 milhões de
apoiadores para ser enviado ao Congresso.
A punição a juízes, promotores e procuradores não estava
no relatório aprovado na comissão especial da Câmara criada para transformar as
dez medidas em lei. O relator do projeto na comissão, deputado Onyx Lorenzoni
(DEM-RS), afirmou que seus colegas fizeram um "picadinho" de seu
relatório.
Leia a nota da presidente do STF na íntegra.
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, reafirma o seu
integral respeito ao princípio da separação de poderes. Mas não pode deixar de
lamentar que, em oportunidade de avanço legislativo para a defesa da ética
pública, inclua-se, em proposta legislativa de iniciativa popular, texto que
pode contrariar a independência do Poder Judiciário.
Hoje, os juízes respondem pelos seus atos, na forma do
estatuto constitucional da magistratura.
A democracia depende de poderes fortes e independentes. O
Judiciário é, por imposição constitucional, guarda da Constituição e garantidor
da democracia. O Judiciário brasileiro vem cumprindo o seu papel. Já se
cassaram magistrados em tempos mais tristes. Pode-se tentar calar o juiz, mas
nunca se conseguiu, nem se conseguirá, calar a Justiça.
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