DE CURITIBA
DE SÃO PAULO - Folha / UOL
Procuradores da Operação Lava Jato afirmaram nesta
quarta-feira (30) que podem renunciar coletivamente caso a proposta de abuso de
autoridade entre em vigor.
A medida foi inserida no texto das dez medidas contra a
corrupção pela Câmara na madrugada desta quarta (30).
"A nossa proposta é renunciar coletivamente [à Lava
Jato] caso essa proposta seja sancionada pelo presidente", afirmou Carlos
Fernando dos Santos Lima, procurador da República e um dos coordenadores da
força-tarefa, durante entrevista coletiva.
A ideia dos procuradores é abandonar a força-tarefa da
Lava Jato e voltar às suas atividades habituais. Nesse caso, caberia à PGR
(Procuradoria-Geral da República), que instaurou a força-tarefa, designar
outros procuradores para a função ou decidir se encerraria a equipe.
"Muito mais valerá a pena fazer um parecer
previdenciário do que se arriscar a investigar poderosos", disse Lima.
Os procuradores ainda acusaram "grandes líderes
partidários e líderes do governo" de Michel Temer (PMDB) de articular a
votação da madrugada.
"O Congresso Nacional sabia muito bem o que estava
fazendo", disse o procurador Deltan Dallagnol, um dos idealizadores das
dez medidas. "Essas propostas [aprovadas] são a favor da corrupção. Dizem
muito claramente a que vieram."
"Não é somente o governo federal; estamos falando de
partidos que hoje se dizem na oposição", disse Lima. "Isso se estende
por todo o espectro político-partidário brasileiro, salvo honrosas exceções de
pequenos partidos."
Dallagnol ainda afirmou que "até o governo Dilma
avançou propostas contra a corrupção muito melhores que as que foram
aprovadas".
Em nota lida durante a entrevista, os procuradores
disseram que a votação desta madrugada foi "o começo do fim da Lava
Jato". "É o golpe mais forte contra a Lava Jato em toda a sua história",
disse Dallagnol.
Para os procuradores, os deputados foram movidos por
"um espírito de autopreservação".
"O objetivo é 'estancar a sangria'. Há evidente
conflito de interesses entre o que a sociedade quer e aqueles que se envolveram
em atos de corrupção", disseram, em nota.
Ainda afirmaram que a aprovação do crime de abuso de
autoridade em meio às dez medidas "instaura uma ditadura da
corrupção".
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