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Em delação premiada, Cláudio Melo Filho detalha como atuou no
Congresso para obter apoio a projetos de interesse da construtora e diz ter
repassado mais de R$ 22 milhões. Entre os mencionados estão Jucá, Renan e Maia.
Um ex-diretor da construtora Odebrecht afirmou em sua
delação premiada que pagou propinas milionárias a senadores e deputados em
troca da aprovação de leis que favorecessem a empresa, relatam diversos sites
de notícias neste sábado (10/12).
O ex-vice-presidente de Relações Instituições da Odebrecht
Cláudio Melo Filho disse que lidava principalmente com o senador Romero Jucá
(PMDB-RR), a quem repassou mais de R$ 22 milhões para serem redistribuídos a
parlamentares do PMDB. Entre os beneficiados, segundo ele, estão os senadores
Renan Calheiros (PMDB-AL), que é presidente do Senado, e Eunício Oliveira
(PMDB-CE), bem como aos deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara,
e Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), além do próprio Jucá.
Segundo o ex-diretor, Jucá, Renan e Eunício formam o
"grupo dominante do PMDB no Senado". "Esse fato dá a esse núcleo
grande poder de barganha, pois possui a capacidade de praticamente ditar os
rumos que algumas matérias serão conduzidas dentro do Senado", afirmou
Melo Filho, segundo a Folha de S. Paulo.
O delator relata pagamentos específicos em troca da
aprovação de diversas leis, por exemplo de R$ 7 milhões em troca de uma medida
provisória que tratava de incentivos fiscais para a produção de etanol e para a
indústria química. Segundo O Globo, Melo Filho relata pagamentos de R$ 2,1
milhões a Eunício, R$ 4 milhões para Jucá e Renan, entre R$ 1 milhão e R$ 1,5
milhão para Vieira Filho e R$ 100 mil para Maia. Nas planilhas da construtora,
Renan era chamado de "Justiça", Jucá era "Caju" e Eunício
era "Índio", afirmou o delator.
O delator também afirma que teve reuniões com o presidente
do Senado sobre legislações que afetavam a Odebrecht. Numa delas, Melo Filho
destaca que Renan lhe pediu "expressamente" apoio para seu filho, que
seria candidato ao governo do estado de Alagoas, e que verificasse se a empresa
poderia contribuir. "Acredito que o pedido de pagamento para a campanha de
seu filho ao governo do estado de Alagoas era uma contrapartida pelo forte
apoio dado à renovação dos contratos de energia", afirma Melo Filho, que
interpretou que, se não realizasse o pagamento, "poderia prejudicar a
empresa de alguma forma".
Dezenas de políticos foram citados por Melo Filho na delação
premiada feita em troca de uma redução de pena e que foi vazada para veículos
de comunicação já nesta sexta-feira. No documento de 82 páginas, o nome do
presidente Michel Temer é citado 43 vezes. A declaração de Melo Filho afirma
que o atual presidente pediu ao empresário Marcelo Odebrecht R$ 10 milhões para
as campanhas do PMDB em 2014.
Temer repudiou a acusação de Melo Filho. "O presidente
Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo
Filho. As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por
transferência bancária e declaradas ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. Não
houve caixa dois nem entrega em dinheiro a pedido do presidente", diz nota
divulgada pelo Palácio do Planalto. Renan, Jucá, Eunício e Maia também negaram
as acusações.
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