Por ERIC NEPOMUCENO
(Eric Nepomuceno é jornalista e escritor)
2 de Dezembro de 2016
Algo novo e surpreendente está ocorrendo no Brasil: o
governo de Michel Temer, surgido de um golpe institucional que destituiu a
presidenta Dilma Rousseff, se deteriora em velocidade alucinante.
Enquanto se aprofunda a mais severa recessão já vivida
pelo país, com todos – absolutamente todos – os indicadores econômicos
retrocedendo de forma contundente, Michel Temer demonstra fartamente que sua
ausência de estatura (política, ética e moral) para ocupar a presidência do
maior país latino-americano corresponde a uma extrema inabilidade para
conduzir-se em meio à tempestade.
Nos últimos dias ficou claro que seu governo está às
portas da agonia. Respira graças ao aparato constituído basicamente pelo
respaldo com que ainda conta no Congresso e, especialmente, o apoio com que o
brinda o PSDB do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador derrotado
em 2014 Aécio Neves – além do empresariado e do mercado financeiro. É um caso
claríssimo e gravíssimo de sobrevivência a respirar por aparelhos.
Para tornar mais sombrio seu horizonte, as manifestações
contra o governo voltaram a ocupar as ruas com força redobrada.
As evidências de que Temer tentou intervir em favor de
Geddel Vieira Lima – obrigado a renunciar à Secretaria de Governo e à condição
de principal articulador com o Congresso, em um ato claro de corrupção – são
concretas. Envolvido em um caso claríssimo de manipulação de órgãos públicos em
defesa de interesses pessoais, Geddel deflagrou a crise profunda. Um jovem
ambicioso, diplomata de carreira inexpressivo, Marcelo Calero deixou o
Ministério da Cultura atirando. E seus alvos foram o poderoso ministro-chefe da
Casa Civil, Eliseu Padilha, além do próprio Temer. Precavido, Calero gravou
suas conversas com o presidente e seus auxiliares mais próximos.
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