Carlos Chagas
Houve tempo em que todo jornalista e todo político tinha
na estante um exemplar do Almanaque do Exercito, com a relação dos generais de
Exército, Divisão e Brigada, além dos coronéis mais antigos. Daí sairiam os
candidatos a presidente da Republica, com seus nomes na memória de quantos se
dedicavam a prever o futuro.
Hoje não se conhece sequer os comandantes do Exército,
Marinha e Aeronáutica. Em compensação, lembram-se de trás para a frente os
ministros do Supremo Tribunal Federal, ainda que nem se cogite da candidatura
de um dos onze doutos juristas ocupando o palácio do Planalto.
Certo? Mais ou menos, porque se o Tribunal Superior
Eleitoral considerar cassados Dilma Rousseff e Michel Temer, caberá ao
Congresso eleger um novo presidente da República para governar até 31 de
dezembro de 2018. Dificilmente deputados e senadores deixarão de selecionar um
deles para chefiar o governo.
Mesmo assim, a escolha estará em aberto, sendo possível,
mas não provável, a eleição pelo Congresso de um magistrado para dirigir o
Executivo. Passa-se ao próximo capítulo, ou seja, qual dos onze ministros?
Um, ou melhor, uma, poderá ocupar a pole-position: quem
se destaca é a presidente Carmem Lúcia. Apartidária, preocupada com o
funcionamento das instituições, incorruptível, que dispensa motoristas e dirige
o próprio carro, ela teria condições de passar o Brasil a limpo.
Fica tudo na dependência de fatores ainda desconhecidos,
mas a sugestão, mesmo inusitada, começa a germinar na Praça dos Três Poderes.
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