Jorge Oliveira
Brasília - Com exceção da condução coercitiva – aquela em
que o cara é obrigado acompanhar a polícia para depor – não vejo nada demais na
decisão do juiz Sergio Moro em intimar o blogueiro paulista Luiz Guimarães para
depor sobre vazamento de informações da Lava Jato. O mais grave, no entanto,
não é a convocação, mas a facilidade com que o blogueiro entregou a sua fonte
nos primeiros minutos do depoimento na Polícia Federal. Isso só mostra que o
escriba não tem respeito por seus informantes protegidos constitucionalmente.
Deduz-se daí que não basta apenas ocupar as redes sociais para soltar seus
torpedos indiscriminadamente, é preciso, antes de tudo, proteger a fonte mesmo
quando acuado e acossado por seus inquisidores. E isso, infelizmente, Guimarães
não o fez.
O blog do Luiz Guimarães é um entre as centenas que
existem – ou existiam – numa ampla rede para defender a organização criminosa
de Lula/Dilma e seus comparsas. Essas viúvas petistas, hoje desoladas, perderam
os níqueis dos contribuintes que ajudavam na sobrevivência de cada um. Uma
dessas viúvas, Paulo Henrique Amorim, porta-voz da Igreja Universal, defensor
intransigente dos malfeitos petistas, agora vive mendigando doação para manter
o seu “Conversa Afiada”. Ao pegar carona no PT quer, inclusive, tardiamente,
agregar gotículas ideológicas à sua biografia. Coitado, acha que os petistas
são de esquerda.
Ao contrário do que pensam os militantes histéricos
petistas que saíram em defesa de Guimarães nas redes sociais, não o considero
um jornalista, mas também não o censuro por escrever no seu espaço o que vem à
cabeça. O papel aceita tudo, qualquer coisa. Condeno-o, no entanto, quando ele
usa o espaço para ameaçar as autoridades que investigam a Lava Jato e defender
os gangsters envolvidos no assalto aos cofres públicos. No ano passado, esse senhor foi intimado a
depor em outra investigação por fazer veladas ameaças ao juiz Sérgio Moro. No
twitter, onde postou as ofensas, ele chama
o juiz de psicopata e diz que os “delírios do magistrado vão custar sua vida,
seu emprego”.
Com a liberdade de expressão na rede social que
transforma todo mundo em “jornalista”, muita gente, surpreendentemente, tem se
revelado bons escritores, bons contadores de história e bons repórteres,
desmitificando a ideia de que apenas jornalista é que sabe escrever e
investigar. O senhor Guimarães, além de blogueiro é filiado ao PCdoB e, por
esse partido, foi candidato derrotado a vereador por São Paulo. Tem usado
frequentemente seu espaço na internet para intimidar os investigadores e juízes
da Lava Jato.
Foi conduzido sob vara para depor porque a Justiça
considera que ele desempenha um papel de obstrução aos trabalhos da Lava Jato
quando antecipou no seu blog a condução coercitiva do ex-presidente Lula pra
depor na Polícia Federal de São Paulo. Ora, apenas por ter noticiado isso não é
motivo para ser intimado. Mas quando ele ameaça as autoridades, rotulando-se de
jornalista evidentemente tem que pagar pela irresponsabilidade. Trata-se de um
panfletário que empunha a bandeira de seu partido e de outros aliados para
defender suas convicções ideológicas. Está longe evidentemente de ser um
jornalista imparcial que vive e se sustenta da profissão.
Diante da celeuma que causou a ida do senhor Guimarães à
Polícia Federal, a Justiça Federal do Paraná divulgou uma nota para dizer que
“não é necessário diploma para ser jornalista, mas também não é suficiente ter
um blog para sê-lo. A proteção constitucional ao sigilo de fonte protege apenas
quem exerce a profissão de jornalista, com ou sem diploma”. Concordo.
O caso do blogueiro Luiz Guimarães se encaixa muito bem
na frase do escritor italiano Umberto Eco, ao lançar o livro Número Zero, sobre
a redação de um jornal: “A internet pode tomar o lugar do mau jornalismo, mas
as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis”.
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