Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.
O relatório do secretário-geral da ONU
"Revitalizando a Resposta à Aids para Catalisar o Desenvolvimento
Sustentável e a Reforma das Nações Unidas" foi apresentado nesta
quinta-feira em uma reunião plenária na Assembleia Geral.
O documento mostra que "compromissos globais
ousados, responsabilidade financeira partilhada e uma abordagem centrada nas
pessoas e com base em princípios de equidade" resultaram em sucessos na
reposta à Aids.
Desenvolvimento sustentável
No entanto, ainda há lacunas na prevenção e tratamento,
princiapalmente entre as pessoas que mais precisam.
Discursando na Assembleia Geral, a vice-secretária-geral
da ONU, Amina Mohammed, afirmou que durante o processo de desenvolvimento dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, ficou claro para ela o quão
"relevante e inovadora" a abordagem de acabar com a Aids havia sido e
o quão importante seria que continuasse.
Segundo Mohammed, alcançar as metas relacionadas à Aids
está ligado e integrado à Agenda 2030 de forma mais ampla. Para a vice-chefe da
ONU, ambas são baseadas em
"equidade, direitos humanos e a promessa de não esquecer de ninguém".
Avanços
A iniciativa 90-90-90 orientou uma "expansão
dramática" do tratamento antiretroviral e reduziu muito as mortes
relacionadas à doença. A diretriz também contribuiu para a queda de novas
infecções por HIV.
Ao mesmo tempo, um plano global para eliminar a
transmissão do vírus de mães para bebês reduziu em menos de metade o número de
novas infecções por HIV entre crianças.
Financiamento
Segundo o documento, nos primeiros anos da resposta à
Aids, a aceleração do investimento dependia principalmente de ajuda bilateral e
multilateral.
Em anos mais recentes, o investimento doméstico cresceu
de forma consistente e atualmente representa cerca de 60% de todos os recursos
para a reposta ao HIV em países de rendas baixa e média.
Nações de renda média como África do Sul, Brasil, China,
Índia e Tailância atualmete financiam a maioria de seus serviços relacionados
ao HIV.
Brasil e Moçambique
No entanto, a Aids está longe de ter acabado. Cálculos do
Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Aids, Unaids, indicam que em
2015 houve 2,1 milhões de novas infecções em todo o mundo e 1,1 milhões de
mortes relacionadas ao vírus.
No mesmo ano, 36,7 milhões de pessoas viviam com o HIV,
sendo 80% em apenas 20 países.
Destas, 7 milhões são da África do Sul, 1,5 milhão de
Moçambique e 800 mil do Brasil.
Otimismo e complacência
Apesar dos avanços, com menos de quatro anos faltando até
o prazo de 2020 para a realização de marcos na reposta, o relatório alerta para
o "perigo de que o otimismo se converta em complacência".
Segundo o documento, compromissos globais não estão sendo
traduzidos de forma consistente em mais investimentos e ações. O financiamento
para a reposta não aumentou e o progresso na redução de novas infecções por HIV
entre adultos está paralizado.
Alerta
O relatório do secretário-geral alerta que lacunas nos
serviços de prevenção, testagem e tratamento para o HIV são maiores entre as
populações que mais precisam.
Além disso, mulheres e meninas ainda estão carregando o
maior peso da epidemia de Aids. Populações chave, incluindo trabalhadores
sexuais, pessoas que injetam drogas, transgêneros, prisioneiros, homens
homossexuais e outros homens que fazem sexo com homens permanecem como os que
têm maior risco de contraír a infecção pelo HIV.
O documento defende que outras 10 milhões de pessoas
vivendo com o vírus devem ter acesso ao tratamento até 2020. No entanto, a
maioria não tem conhecimento de sua infecção com o vírus.
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