Jorge Oliveira
Rio – O Lula está se envenenando com a própria língua,
como diriam os chineses. Achou que ia ganhar no grito e deu-se mal. Depois de
condenado, viu-se de uma hora para outra pobre novamente, depois que o juiz
Sérgio Moro – que ele desacatou, inclusive ameaçando de prendê-lo se voltasse
ao poder – mexeu na sua parte mais sensível: o bolso. Moro confiscou mais de 9
milhões de reais da sua poupança, número cabalístico, o mesmo da sua
condenação, e agora o então falante, agressivo e impulsivo Lula silenciou. Nas
entrevistas que tenta desqualificar os procuradores, ele já encontra brecha
para se redimir dos insultos à Justiça. É assim mesmo, ele sempre se acovarda
quando é pressionado e confrontado com a realidade dos fatos.
O ex-presidente
falou o que não devia e recebeu o troco. Orientou seus advogados a partir para
o tudo ou nada contra o juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato.
Chamou-os, inclusive de “aquela molecada” que não “entende de política”. Agora,
sofre mais um revés, um dos desembargadores da 2º Turma do Rio Grande do Sul, a
mesma que vai julgá-lo para ratificar ou não a sentença, indeferiu pedido de
seus defensores para liberar a fortuna confiscada por Moro. E mais: o pessoal
da Lava Jato também decidiu investigar essa conta milionária do ex-presidente,
coisa que ele não conseguiria juntar mesmo poupando por décadas a aposentadoria
e os salários dos mandatos de deputado federal e presidente da república.
Ele achava que o
Moro iria absolvê-lo. Imaginou que o fato de ter exercido a presidência da
república o transformaria em intocável, acima da lei. Não pensou como os
mortais comuns porque se acha um ser superior que abusa da falsa humildade.
Excedia-se na retórica quando estava à sua frente uma plateia selecionada para
aplaudir os seus insultos. Por onde andou destratou os procuradores, a Polícia
Federal e a Justiça em geral. Considerava-se, como chegou a dizer em seus
devaneios, mais honesto do que Deus. Agora, com a casa no chão e as economias
confiscadas, anda dando sinais de que vai mudar de comportamento depois do
leite derramado.
A orientação que
deu para seus advogados é a de pegar leve com os procuradores que apuram o
assalto aos cofres públicos da organização criminosa. Faz isso depois de
perceber que o circo não pegou fogo com a sua condenação. Os gatos pingados que
foram às ruas apoiar os atos de corrupção da petezada já se recolheram. E daqui
pra frente devem ficar encolhidos dentro dos seus sindicatos, pois a mamata da
contribuição sindical acabou com a nova lei trabalhista. Por ano, eles recebiam
R$ 3,5 bilhões referentes a um dia de salário de todo trabalhador brasileiro,
dinheiro que era desviado para manter as mordomias da República Sindical e
sustentar políticos e milhares de militantes do PT.
Nos últimos anos, desde o advento da Lava Jato, Lula
perdeu todas. Viu seus amigos como Zé Dirceu, Vaccari, Vargas, Genoino &
Companhia serem engaiolados pela Justiça. Esperneou, mas não conseguiu impedir
que a sua companheira Dilma fosse chutada do Palácio do Planalto. Assistiu o
seu partido definhar com a desfiliação de alguns parlamentares e a redução do
número de prefeituras na última eleição e, no momento, amarga uma condenação de
mais de 9 anos com sério risco de ir para a cadeia. Ou seja: o falastrão tentou
ganhar no grito, mas teve que se curvar diante das evidências da sua
culpabilidade em vários crimes investigados pela Polícia Federal e pelo
Ministério Público.
Ao contrário do que imaginava, o Brasil não parou depois
que ele foi condenado. As instituições e os serviços públicos estão funcionando
a pleno vapor e alguns militantes, que se assanharam um dia depois do anúncio
da sentença, hibernaram. Perceberam que
não adianta gritar, pois o juiz Sérgio Moro não teme aplicar a lei. Ninguém
está acima dela, como ele próprio disse ao se referir a sentença de Lula.
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