Dom Gil Antônio Moreira - Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora – MG
Ao final de sua missão na terra, Jesus teve um diálogo
com Pedro. Ao largo do Lago de Genesaré, após a pesca miraculosa, recebe os
Apóstolos para a refeição. São João, em seu evangelho, informa que Jesus chama
Pedro para um pessoal colóquio, no qual pergunta por três vezes, sobre seu
amor. Pedro, tu me amas? (Jo 21,17). Com
a resposta de Pedro: “Tu sabes que te amo”, o Senhor lhe dá a última ordem:
“Apascenta as minhas ovelhas”.
Deste diálogo de amor se confirma a missão de Pedro como
chefe visível da Igreja, coordenador do grupo dos apóstolos. A escolha de Pedro
já se havia patenteado noutro diálogo anterior entre Simão Pedro e seu Mestre.
Foi quando o Senhor perguntou aos seus discípulos sobre o que diziam os homens
sobre o Filho do Homem (cf. Mt 16, 13-19), ao que responde Pedro: “Tu és o
Messias, o Filho do Deus Vivo”. O
Senhor, a partir de então o confirma a respeito da Igreja: “És feliz, Simão,
filho de Jonas, porque não foi nem a carne e nem o sangue que te revelou isto,
mas o Pai que está no céu. E eu digo: Tu és Pedro, sobre esta pedra eu
edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus, tudo o que ligares na terra, será ligado
nos céus, tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,
18-19).
Após a eleição de Pedro, percebe-se que ele passa a ter
lugar de destaque entre os demais discípulos do Senhor, como se pode perceber
na lista dos apóstolos, citadas pelos santos evangelhos, onde o nome de Pedro
aparece sempre em primeiro lugar (Cf. Mt 10, 1-4 ; Lc 6, 13-16).
Poder-se-ia perguntar, por que o Senhor escolheu Pedro,
tendo sido ele um pecador, capaz de negar a Cristo diante da empregada o
Templo. Certamente porque a falta fora superada plenamente por Pedro,
demonstrando este muitas outras virtudes que agradaram ao Senhor da Messe e
Pastor do rebanho, entre as quais algumas são evidentes nos textos do
evangelho, como a humildade, a sincera conversão, a transparência de alma.
Certo é que as escolhas na Igreja, como cremos, são de
iniciativa dos mistérios de Deus, manifestados na mediação humana, como na
eleição dos Papas, sucessores de Pedro. Bento XVI, perguntado pelo jornalista
Peter Seewald se deveria ou não ter aceito sua eleição, uma vez que ele
renunciara ao Papado, respondeu: “Na verdade, essa foi uma questão muito séria
para mim. Mas me impressionou que, no pré-conclave, muitos cardeais haviam
praticamente combinado em quem votar antecipadamente, e essa pessoa deveria –
mesmo que não se sentisse à altura de carregar a cruz – se curvar ao voto da
maioria de dois-terços e ver nele um sinal. Esse seria um dever interno para
ele. Isso foi trabalhado com tanta seriedade e grandeza que eu acreditei no
seguinte: se realmente a maioria dos cardeais proferiu esse voto, esse é um
voto vindo do Senhor, e por isso eu tinha o dever de aceitá-lo”.
Pedro hoje se chama Francisco. Como legítimo sucessor de
Pedro, prossegue como timoneiro na barca de Cristo, singrando mares, ora
calmos, ora bravios, garantindo a perpetuação da missão e a unidade desejada
pelo Salvador: “Que todos sejam um, como eu e o Pai somos um” (Jo.17,21).
A Francisco, garantimos nosso amor fraternal, e nossa
admiração pelos dons de cativar o mundo para Cristo e a ele desejamos muitos
anos no seu trabalho que o Senhor Ressuscitado lhe confiou, no amor e na
condução do rebanho de Cristo Senhor.
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