sábado, 12 de agosto de 2017

O Papai


Dom José Alberto Moura 

Arcebispo Metropolitano de Montes Claros

No dia do papai lembramos em primeiro lugar de Deus, a quem ousamos chamar de Pai. Aliás, o próprio Jesus é quem nos dá esse direito, uma vez que Ele seria o único Filho de Deus. Mas este Filho nos adota como filhos do seu Pai e nos ensina até na oração do “Pai nosso” essa realidade. É claro: só Jesus é filho com a natureza divina e também humana. Nós somos filhos, com a única natureza humana, mas, agora, regenerados pelo Filho, somos também filhos pela graça de Deus.

De agora em diante, todos os pais humanos recebem, por graça divina, a paternidade com a missão humano-divina. O humano bem encaminhado diviniza a paternidade. Ao contrário, não leva a efeito a paternidade que ajuda totalmente os filhos.

Hoje o desafio da educação dos filhos é muito grande. O influxo dos desajustes conjugais e familiares dificultam muito a realização e os ajustes emocionais e vivenciais dos filhos. Os condicionamentos da sociedade são muito fortes, principalmente focados no consumismo, no erotismo, na comunicação não depurada por uma sadia análise crítica. Juntam-se a isso a permissividade moral, a propaganda da inversão de valores culturais, a massificação ideológica e a ausência prolongada em relação aos filhos devido ao trabalho e a outros afazeres.

Se os casais forem pai e mãe que dão o exemplo para os filhos de amor, do cuidado contínuo e de preocupação em educá-los, a exemplo do cuidado de Deus para com o ser humano, terão mais chance de ver seus filhos bem protegidos e encaminhados na vida para sua realização plena.  Mesmo com as dificuldades do corre-corre da vida, é muito importante a atenção contínua para mostrar aos filhos seu amor, sua orientação, sua doação de tempo para ouvi-los e ajudá-los a refletir sobre o que mais convém. Assim os apoiarão para desenvolverem o senso crítico ou o discernimento em relação ao que provém da mídia e da realidade. Terão nisso o sentido de serem pais e cooperarem com o futuro melhor de seus filhos, inclusive orientando-os para viverem a fé religiosa no sentido positivo e de valor divino para a própria vida.

A figura paterna do pai, juntamente com a própria esposa, ajuda demais os filhos a perceberem sua presença positiva na família, como suporte humano de compreensão, conselho, apoio e segurança. Será como um verdadeiro filho de Deus, que dá o exemplo da paternidade divina no humano de sua paternidade. Isso é perfeitamente possível quando o pai é dócil para imitar a bondade e o amor do próprio Pai Deus.

O exagero do papai em querer o melhor para seus filhos, deixando-os como um navio sem rumo faz surtir o efeito contrário ao desejado. Deixar à mercê dos instintos, dando tudo sem freios e não corrigindo nem colocando limites, mesmo na internet e outros meios de comunicação, é como dar cheque em branco a quem ainda não foi orientado a usar adequadamente o dinheiro e a mídia. Saber amar é saber educar e a dar rumo ou sentido a tudo, com o sentido dado pelo Pai Deus.

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