sábado, 28 de abril de 2018

JARDINEIRO

(Dedicado ao poeta José Ribamar Sousa dos Reis)

DE João Batista do Lago


Se me deres por sacrifício ao
Útero sagrado desta terra que me fez
Massa entre corpos vadios e universais
Verás (talvez!) um dia que me tornara hóstia
Consumida nos roseirais de
Rosas negras entre as vermelhas
E amarelas
E brancas

Serei então o verbo!
Único verbo na carne já podre
Onde residem almas calejadas de sofrimentos
E trôpegas palavras soltas ao vento na
Infinitude do universo solitário
Onde se me terei como poeira de
Todos os tempos
E onde habitarei a casa da minha eternidade

Lá, sim, cultivarei as flores e as rosas:
Brumélias, camélias, Amarílis e anêmona,
Antúrio, astromeias e alpineias,
Bouvardias, celósias e cerejeiras…
Terei tempo para conversar com “chuva de prata”
Beber do “copo de leite”
E, quando já cansado de toda jardinagem,
Mansamente fazer da “boca do leão” meu leito sagrado

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