DROGADO
Kleber Lago
Sempre que pega algum trocado micho,
daqui da rua certas horas some
para comprar a droga que consome,
mas logo volta, feito um homem-bicho.
Nele atua a má sina com capricho:
sob efeito da droga, esquece o nome
e até se serve, quando está com fome,
dos restos de comida que há no lixo.
É simplesmente um ser que subsiste
no curso de uma vida louca, triste,
em que de humano já não restam traços.
E para ele o mundo é algo estranho,
sem sentido, sem forma, e do tamanho
que cabe seu vaivém de poucos passos...
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