Marli Gonçalves
Os três filhos do Capitão. Eles não são três; são quatro
os meninos. Mas o quarto, Jair Renan, ainda não preocupa e não aparece muito –
é imberbe, 20 anos, e de qualquer forma vamos vê-los crescer, ele e a sua irmã
mais novinha, às nossas vistas, nos próximos quatro anos. Os três que estão na
política já dão trabalho e o que falar. Flávio, Carlos e Eduardo me fazem
lembrar de certas reinações, as dos Sobrinhos do Capitão, uma HQ histórica do
século passado. Lembra?
Os dois molequinhos (na história dos Sobrinhos, sim, eram
dois, Hans e Fritz, gêmeos), levadíssimos, infernizavam a vida do Capitão, que
não era propriamente tio, era aquela coisa de tio, tia, que a gente chama
qualquer um mais velho que nós. Atazanavam na verdade tudo e todos os que
estavam à sua volta, e apanhavam, apanhavam muito. Pouco adiantava.
Aqui no nosso caso real que também certamente vai render
história, os três irmãos parecem combinar entre si é mais como aterrorizar a
vida da outra banda, a que não votou no pai deles, não necessariamente por ser
petista, ressalte-se, por favor. Foram quase 2/3 da população, 61,8% dos aptos
a votar que, ou sumiram, ou anularam, branquearam ou estrelaram seus votos. É
muita gente.
Flávio, 37 anos, Eduardo, 34 anos, e Carlos, 35 anos, são
filhos de Rogéria, a primeira ex-mulher do presidente eleito. Pensam o que?
Michelle, a nossa jovem futura primeira dama, é a terceira esposa do Capitão.
Olha só – também poderia haver outra série: “As esposas do Capitão”.
Voltando aos três que não são mosqueteiros, mas estão se
saindo excelentes marqueteiros, inclusive de si próprios, veja que Flávio e
Eduardo tiveram votação recorde, respectivamente para senador pelo Rio de
Janeiro e deputado federal por São Paulo. Carlos já é vereador no Rio de
Janeiro. Assim ocupam todas as Casas com a mais nova marca da política
nacional. Um carimbo. Radicais e empinados.
E opinam sobre tudo. Quando não vêm com suas opiniões
fresquinhas que disparam principalmente pelo Twitter, a rede onde acharam seus
reinados de poucos caracteres, toda hora aparecem vídeos de suas opiniões e
feitos que deve ter gente cavoucando até a marca e a cor das cuecas deles
todos.
Já pitacaram sobre fechar o Congresso, aquecimento
global, Direitos Humanos, Educação, áreas sobre as quais destilam desinformação
e preconceitos, assim como sobre a História recente do Brasil que devem ter
aprendido em livros com páginas arrancadas, só pode ser.
Adoram arrumar uma briga. Suas falas e aparições estão
criando é ainda mais muitos outros problemas para o pai, que até parece estar
tentando montar um governo razoável enquanto lida com uma equipe boquirrota,
começando a já gostar de ser fonte “confiável” dos jornalistas cativados que
ganham declarações logo desmentidas. É rápido, gente: os caras estão gostando
do poder, de Brasília, dos segredos dos caminhos e corredores, de soltar balões
de ensaio com nomes que se valorizam imediatamente após aparecerem em lista de
indicados. Notícias chegarão sopradas pelos ventos.
Os garotos de Bolsonaro, não. Esses não são novatos. Já
vivem isso tudo praticamente desde que nasceram, já que o pai tem quase 30
vividos na política. Só houve uma mudança importante, do baixo clero ao mais
alto cargo da República.
Isso sobe pra cabeça. Tomara que o pai deles cuide disso
também. Nem precisa dar palmadas; só puxão de orelhas. Para não virarem Os Três
Patetas.
Marli Gonçalves, jornalista – Não vai faltar assunto ao
meu programinha #adehoje, #adodia. Ah, sabia que o cartunista Angeli criou a
tira “Os Skrotinhos” para homenagear “Os sobrinhos do Capitão”? Quem se
habilita a desenhar “Os filhos do presidente”?
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