O risco iminente de rompimento da barragem de rejeitos da Vale na mina Gongo Soco, na região de Barão de Cocais, em Minas Gerais, foi debatido nesta quinta-feira (23), na Comissão de Meio Ambiente (CMA), com a presença do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O reservatório é do mesmo tipo do que se rompeu em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro.
Albuquerque garantiu que o governo tomou como providências,
de forma preventiva, a retirada de 400 moradores e o isolamento da área de
risco, bem como a sinalização, treinamento e simulações, com a presença
permanente de servidores da Agência Nacional de Mineração (ANM) e da defesa
civil local. O intuito, disse ele, é garantir a segurança e a assistência às
pessoas.
Bento Albuquerque salientou que o Ministério de Minas e
Energia (MME) não aplicou corte de recursos na agência, responsável pela
inspeção das atividades e empreendimentos minerários. Conforme o ministro, do
total de R$ 9,9 milhões de suplementação orçamentária pedidos para ações de
fiscalização, R$ 1,7 milhão já foi liberado e o restante ainda depende de
aprovação de projeto de lei.
— O MME foi um dos mais atingidos pelo contingenciamento do
orçamento. A Agência Nacional de Mineração só não foi afetada porque fizemos o
remanejamento, e todos os recursos necessários para ela estão assegurados —
asseverou.
Gongo Soco
O ministro lembrou que a mina Gongo Soco está inativa desde
2016 e que a Barragem Sul Superior, que corre o risco de ruir, está interditada
pela ANM desde fevereiro de 2019. Segundo Albuquerque, o órgão tem feito
visitas técnicas diárias, para acompanhar as obras de controle das estruturas e
de contenção dos rejeitos, que visam reduzir possíveis danos ambientais.
Bento Albuquerque frisou que, até 2021, não haverá mais
barragens a montante no Brasil. Ele citou a Resolução 4/2019 do MME, que proíbe
a utilização desse método de construção ou alteamento em todo o território
nacional e obriga a descomissionar ou descaracterizar as barragens construídas
a montante até 15 de agosto de 2021, para as já desativadas, e até 15 de agosto
de 2023, para aquelas em operação, observando que estas deverão ter paralisadas
suas atividades até 15 de agosto de 2021.
Segundo Bento Albuquerque, desde a tragédia ocorrida na
mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, o governo compôs um comitê
interministerial de crise, que ainda está em andamento, para ajudar na identificação
das responsabilidades.
— O ministério tem sua missão de conduzir a política
pública e nós não abrimos mão disso. Temos trabalhado com a ANM, a Agência
Nacional do Petróleo, a Aneel e todos os outros órgãos, porque só trabalhando
de forma integrada e coordenada alcançaremos os objetivos.
Interpelações
Relator da CPI de Brumadinho, o senador Carlos Viana
(PSD-MG) confirmou a visita de uma comitiva parlamentar, nesta sexta-feira
(24), a Barão de Cocais. Ele elogiou a atenção do governo e disse que todas as
medidas informadas por Bento Albuquerque eram esperadas antes do rompimento das
barragens de Mariana, em 2015, e de Brumadinho, a fim de ter evitado essas
tragédias.
— No Brasil, não temos a cultura da prevenção,
infelizmente. O que queremos caminha exatamente ao lado do que o ministro disse
aqui: não temos interesse na punição de ninguém, mas precisamos aprender com
essas tragédias e aprender a nos antecipar a essas questões, para preservar
vidas.
O presidente da CMA, senador Fabiano Contarato (Rede-ES),
explicou que o debate era necessário, e faz parte de uma conduta “proativa e de
interlocução direta” do colegiado com o Executivo e todas as instituições
interessadas no assunto.
Já o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) ressaltou que a
preocupação sobre os riscos de rompimento de barragens tem se agravado no
Brasil, mas observou que a situação de Gongo Soco está sob controle. O
parlamentar elogiou as providências anunciadas pelo governo e disse que a CMA
tem um papel importante na divulgação sobre a realidade dos fatos.
Agência Senado
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