Envelhecimento e Espiritualidade
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
Em uma bela obra, intitulada A Sublime Arte de Envelhecer, o psicólogo alemão Anselm Grün afirma que Carl G. Jung assevera: “Assim se aproximam do limiar da velhice, com aspirações e desejos irrealizados que, automaticamente, desviam o seu olhar para o passado”, “[…] sendo eternos adolescentes, lastimosos sucedâneos da iluminação do si-mesmo, consequência inevitável da ilusão de que a segunda metade da vida deve ser regida pelos princípios da primeira.” (JUNG, 1967, p. 785/789 apud GRÜN, 2012, p. 9)
Envelhecer é um fenômeno biológico natural pelo qual
passa tudo quanto existe. O animal humano, no entanto, não sabe envelhecer e
ilude-se como se a juventude fosse de natureza eterna. Nesse período, há um
brilho especial em tudo, especialmente no ser humano, a aparelhagem é rica de
energia, a visão da vida é imperfeita, porque a própria vivência não se
expressou em toda a sua pujança, e quando surgem os primeiros sinais do
desgaste dos órgãos e das suas funções, surpreende-se e começa a batalha para
negar a realidade ou retardá-la, negando-lhe o existir.
Os recursos mais variados e alguns bastante extravagantes
são utilizados para disfarçar o envelhecimento que é odiado como uma verdadeira
desgraça.
Possuísse a pessoa uma visão da espiritualidade e
dar-se-ia conta da bênção que é esse fenômeno, especialmente pelas
consequências das fases iniciais: infância, juventude, maturidade, que foram
enriquecedoras, com a certeza de que a morte não é a etapa final da vida, antes
uma porta especial que se abre na direção de nova realidade.
Quem na velhice descobre o mistério da vida, a grandeza
dos relacionamentos, o júbilo do aprendizado, torna-se belo, com diferente
irradiação de felicidade, que o torna um verdadeiro sábio, um ser feliz.
A pessoa nessa fase a tudo vê com profundidade,
descobrindo e experienciando os sabores, as delícias do existir. Percebe que
todas as oportunidades fruídas, algumas boas outras nem tanto, são valores
preciosos que contribuem para o período menos propício às aventuras, às
ilusões, reservando-se os prazeres que revigoram e produzem especial
encantamento à jornada ditosa.
Podemos afirmar, com o Dr. Grün, que é uma sublime arte o
envelhecer.
É necessário aprender o valor do envelhecimento, o seu
profundo significado, o prolongamento dos seus dias físicos na Terra e nos
entregarmos às Leis da Natureza, aliás, não somente os idosos, mas também os
jovens e adultos.
Com a visão espiritual da vida, bem envelhecer é viver por antecipação no paraíso.
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