domingo, 11 de dezembro de 2022

Mestre Orlando Leite, por Edomir Martins de Oliveira

Educação / CÉREBROS DO MARANHÃO

Texto emocionante de Edomir Martins de Oliveira: "Obrigado Mestre Orlando Leite!"

Do livro inédito: "A PAZ NA LINHA DA VIDA"

07/12/2022 às 19h18 / Atualizada em 09/12/2022 às 10h01

Por: Mhario Lincoln / Fonte: Edomir de Oliveira/Orlando Leite

 

Edomir Martins de Oliveira, vice-presidente nacional da Academia Poética Brasileira – APB

CAPÍTULO VI 

UMA HOMENAGEM PÓSTUMA POR GRATIDÃO

Professor Orlando José da Silveira Leite, da Tradicional Faculdade de Direito de São Luís –MA titular da disciplina Teoria Geral do Estado, tinha pelo ensino o seu sacerdócio. Todos os alunos esperavam com ansiedade, chegar a sua vez, para que fosse ele seu professor

Quando se candidatou ao concurso para ocupar a cátedra acima mencionada, defendeu sua tese com incomum brilhantismo. O auditório estava repleto de autoridades, alunos e ex-alunos, entre os quais eu estava como “calouro” da Faculdade.

Foi aí, naquela hora, que minha admiração e respeito por ele nasceu. Em toda a Faculdade, quando dele se falava, era comum as referências de que se tratava de um excelente professor.

Fui aluno do Prof. Orlando Leite, aquele brilhante mestre, e sempre saia de suas aulas enriquecido por ver que ele as ilustrava com excelentes citações de autores franceses, ingleses, alemães e até latinos.

Dizia sempre que o Latim não poderia, nem deveria ser retirado do Curso de Direito, em virtude da grande contribuição para os cursos jurídicos. Citava nomes ilustres de oradores e filósofos gregos e romanos, que contribuíram muito para a formação dos Cursos Universitários, como Cicero, Platão, Aristóteles, Sócrates, Ovídio e tantos outros, e passava a fazer citações de vários textos em Latim que enriqueciam suas aulas. Dava-me um prazer enorme ser seu aluno, o que me levava a ser participativo das aulas, buscando esclarecimentos quando entendia necessário, e isso estimulava ao estudo do Direito cada vez mais.

De certa feita, fui surpreendido por um telefonema do Mestre Orlando que me convidava para examinar um vestibular com ele. Já estava graduado em Direito e recebi este convite como um prêmio de graduação. Dizia que estava bem lembrado da minha participação em sala de aula, e meu rendimento escolar o estimulara a fazer o convite. Disse-me que ficaria muito feliz se eu aceitasse.


Fiquei exultante com o seu telefonema, e disse-lhe que trabalhar ao seu lado seria um honroso convite.  Faria de tudo para não o decepcionar. E ele me envaideceu muito quando disse que tinha a certeza que eu não o decepcionaria. A porta estava aberta para o inicio profissional na área jurídica. 

O homenageado nesta crônica, além de professor universitário, foi Deputado Estadual e Líder da Bancada Majoritária na Assembleia Legislativa; foi Assessor Especial de S. Exa. O Governador do Estado à época; Procurador Geral da Justiça no Maranhão; Procurador junto ao Tribunal de Contas do Estado e Conselheiro Estadual de Educação.  Aqui abro um parêntesis para lembrar que tal era o reconhecimento aos seus méritos como orador e intelectual, que se dizia: ”ninguém faz um discurso sem ouvir a opinião do Dr. Orlando Leite”.

Foi nesse belo navio que naveguei “por mares nunca dantes navegados” (citando Luís Vaz de Camões), experimentando o sabor da cultura do grande Mestre Prof. Orlando Leite. Em uma dessas participações do convívio salutar com o Brilhante Professor recebi outro convite dele. Agora seria para elaborar um Manual de Direito Público e Privado que servisse de orientação a quem desejasse fazer concurso para Delegado de Polícia, o que fiz prazerosamente.

Assim, minha vida prosseguia. Debaixo desse guarda-chuva de cultura caminhei muitos anos e fui me habituando a viver mais, a cada dia, o Magistério que eu já vinha fazendo a passos lentos. 

20.11.1913 foi ano em que nasceu Orlando José da Silveira Leite, uma autêntica no exercício de suas atividades profissionais. Tudo que fez em sua trajetória de vida, levou-o a ingressar no Panteão dos homens ilustres que fizeram a história do Maranhão. 

Depois de aposentado, visitei-o várias vezes, quer por iniciativa própria, quer atendendo ao seu chamado.

Fiquei com excelente relacionamento com toda a família, ressaltando a figura de Da. Maria da Conceição Leite, sua esposa, uma senhora extraordinária e dos filhos que até hoje mantenho, Maria Célia, Antônio Carlos, José Orlando, Luís Fernando, Maria Zélia, José Márcio e José Maria. Por ocasião dos seus 100 anos de nascimento, fui convidado pelos familiares para fazer um discurso fazendo aquele registro, convite que aceitei com muito prazer e sentindo-me honrado.


Participei da Missa de 100 anos do seu nascimento, onde o Ritual da Missa fazia constar “Um Século: Muitas Histórias” onde a Igreja estava repleta dos seus amigos e admiradores e, particularmente, dos seus familiares, fazendo-se ouvir discursos de peso relembrando o nobre Mestre.

Um dia, fui informado por um seu familiar que ele houvera sido acometido de um AVC e estava internado na Santa Casa de Misericórdia do Maranhão, onde vinha sendo atendido e acompanhado por médico da família, independente da assistência dos demais médicos do Hospital, nomes respeitados no quadro de profissionais do Estado.

Aos 15 dias do mês de abril de 1989, fechou os olhos para sempre, vindo a falecer no Hospital Santa Casa de Misericórdia do Maranhão, vítima do mal que o tinha acometido. O corpo foi velado no Hospital Português do Maranhão. À hora do enterro várias vozes se sucederam fazendo homenagens póstumas àquele que subira para encontrar-se com nosso Deus. Um nome que jamais seria esquecido.

Ser-lhe-ei eternamente grato enquanto vivo eu for, porque foi através dele que, merecendo sua confiança, comecei a minha carreira profissional na área jurídica.

Obrigado Mestre Orlando José da Silveira Leite!


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