terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Um presente em letras e em história, enviado pelo artista maranhense Wellington Reis... Do Facetubes

Brasil / TEXTOS ESCOLHIDOS

Um presente em letras e em história, enviado pelo artista maranhense Wellington Reis

Uma história, reescrita por Ruy Castro, para reavivar a tradição natalina e literária ludovicense

26/12/2022

Por: Mhario Lincoln / Fonte: Ruy Castro

Do Facetubes

 

Nota do Editor: um texto realmente diferenciado escrito pelo imortal da ABL, jornalista Ruy Castro. Nesta seção "Textos Escolhidos", nos limitamos a reproduzir (na íntegra) textos que se coadunem com a linha-mestra deste facetubes.com.br, de forma a premiar grandes autores e ampliar, acreditamos, o campo de leitura do referido texto. Isso, sem nenhum interesse financeiro ou comercial. A foto do escritor e a do Papai Notel foram resgatadas do Google Fotos. A ilustração (Papai Noel) não é do texto original.

A pioneira do Papai Noel

Esta crônica foi recuperada do seguinte link: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2022/12/a-pioneira-do-papai-noel.shtml

Autor: Ruy Castro

Já contei essa história aqui, mas, desde então, passaram-se muitos Natais e uma geração inteira de Papais Noéis. Aconteceu em São Luis do Maranhão, por volta de 1890. Terminada a cela de Natal, os parentes e amigos da jovem professora se reuniram em torno da árvore para trocar presentes e cantar madrigais. De repente, entrou pela janela um homem gordo, de barbas brancas, ceroula e touca vermelho-sangue, botas e cinto pretos um ameaçador saco às costas e emitindo sons de "Ho! Ho! Ho!".

Que diabo era aquilo? Susto, panico, correria. Ali havia velhos, mulheres e crianças. Um dos presentes sacou um trabuco e o apontou para o intruso, com a intenção de crivá lo. O homem, súplice e balbuciante, rendeu-se tremendo com os braços para cima e deixou cair o saco cheio de embrulhos. E, então, a dona da casa colocou-se entre a arma e o alvo. Alçou a testa e proclamou: "Não o matem! É o Papai Noel. Só ali, a jovem Maria Bárbara de Andrade, filha do excêntrico poeta local Joaquim de Sousa Andrade, vulgo Sousândrade - explicou. Ela e seu pai tinham morado por 20 anos em Nova York. Foi onde, em criança, ela conheceu e se apaixonou por aquela figura que se tornara nos EUA o simbolo do Natal.


O homem de roupa vermelha e barbas brancas com um saco às costas fora uma criação do ilustrador Thomas Nast para a revista Harper's Weekly em 1863 e, pelos anos seguintes, fixara-se no coração das crianças americanas. Mas ninguém o conhecia por aqui. Para apresentá-lo ao Brasil, Maria Bárbara contratara um senhor gordo e o maquiara e fantasiara de acordo. Os convidados, aliviados, relaxaram. Abraçaram o Papal Noel e lhe serviram vinho (não, não ofereceram Coca-Cola).

E assim foi. Hoje, a impenetrável poesia de Sousândrade é estudada na USP como pioneira do concretismo. Mas quando se fará justiça a Maria Bárbara Sousândrade como pioneira do Papai Noel?


Vale agradecer

+ Ainda, um agradecimento a este amigo da plataforma do facetubes.com.br, o incomensurável Wellington Reis, sempre atento ao mundo a sua volta e às coisas interessantes que fortificam a tradição maranhense. Aliás, pela primeira vez é citada Maria Bárbara Sousândrade, filha do excêntrico maranhense Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, como pioneira da figura (viva) do Papai Noel no Brasil, a partir de São Luís-Ma. e por falar em Sousândrade, vale aqui, ainda, menção ao imortal  Jomar Moraes, da Academia Maranhense de Letras, que durante parte significativa da vida literária diponibilizou-a para estudar o pioneiro do concretismo no Brasil. 


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