Consideração de Aniversário
Francisco Tribuzi
Hoje como a sessenta anos
Renasço das cinzas da solidão
Abraço os meus desenganos
E os danos da desilusão
Quanta saudade guardada
Quanta lembrança esquecida
Nos caminhos da jornada
Atribulada de minha vida
Quanta história aprendida
Quanto lição ensinada
Quanta palavra contida
Nos atalhos da estrada
Quantas noites indormidas
Quantas manhãs decoradas
Quantas horas perdidas
Nos horizontes das madrugadas
Quantos amores ardentes
Quantos adeuses e dores
Abortaram as sementes
Antes que virassem flores
Quizera, tanto, quizera
Ter nascido hoje, de novo
E que fosse primavera
No jardim do meu povo
Só pra ver meus pais
Ninando o meu sono
Que agora, jaz
No abismo do abandono
Minhas irmãs que partiram
Partiram também uns amigos
Por isso – eles não viram
Nem a paz, nem os perigos
Que corri na contra-mão
Do tempo que nos envelhece
Dividindo o multiplicado pão
No amor e na prece
Por eles não comemoro
Mais esta primavera
E me quedo e choro
Não foi como (eu) quizera
Portanto meio constrangido
Pelos perdidos brinquedos
Mas valeu ter vivido
Divido entre amores e medos
Nem tudo enfim foi só ferida
Amo essa gente que me tem aturado
-Obrigado Deus pelo dom da vida
-Obrigado vida por Deus ter me olhado!

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