quinta-feira, 27 de julho de 2023

Direitos Humanos

Comitê de Direitos Humanos diz que Brasil deve combater impunidade da violência política


Unsplash/Ramon Bucard / O Congresso Nacional do Brasil, em Brasília.


27 Julho 2023

Da Onu News

Especialistas em direitos civis e políticos concluíram análise do país e destacaram o caso da vereadora assassinada, no Rio de Janeiro, Marielle Franco como exemplo da necessidade de mais investigação e responsabilização; comitê também apontou preocupação com violência policial e demora na demarcação de terras indígenas e quilombolas.


O Comitê de Direitos Humanos da ONU emitiu nesta quarta-feira suas conclusões sobre a revisão dos direitos civis e políticos em sete países, dentre eles o Brasil.

As conclusões contêm as principais preocupações e recomendações de especialistas do Comitê sobre a implementação do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos. 

Caso Marielle Franco e violência policial

A respeito do Brasil, o Comitê lamentou a “falta de responsabilização e impunidade pela violência na política”, mencionando especificamente o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes.

As conclusões pedem que o Estado brasileiro proteja de violência, assédio e intimidação os candidatos políticos e aqueles que já exercem o cargo, “inclusive investigando, processando, prendendo os agressores responsáveis, inclusive no caso de Marielle Franco.”

O documento destaca especialmente a necessidade de proteção para mulheres,  afrodescendentes, povos indígenas e pessoas Lgbti que ingressam na política. 

O Comitê destacou ainda a preocupação com uso excessivo da força, execuções extrajudiciais e práticas de perfil racial por agentes da lei. 

O documento pede que o país “redobre seus esforços para investigar todas essas denúncias, processar os autores e indenizar as vítimas”, incluindo nos casos relacionados à invasão do bairro Complexo da Maré em 2019 e às operações policiais no Jacarezinho, em 2021, e na Vila Cruzeiro em 2022.


UIA2020RIO / Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

Lentidão na demarcação de terras

As conclusões sobre o Brasil apontam a “falta de um processo efetivo de demarcação de terras, que tem levado a crescentes conflitos fundiários, invasão ilegal e exploração de recursos, bem como ataques e assassinatos de povos indígenas.” 

O Comitê também levantou preocupação com a doutrina do “Marco Temporal”, que limita o reconhecimento da posse de terras ancestrais pelos povos indígenas apenas aos territórios que ocupavam na data de promulgação da Constituição, em 1988. 

Os especialistas notaram a lentidão na demarcação e titulação de terras para comunidades indígenas e quilombolas e instaram o Brasil a agilizar estes processos.

Aspectos positivos e próximos passos

Outra preocupação do Comitê é com relatos de falta de independência, incluindo denúncias de “portas giratórias” entre o poder Judiciário e o Executivo que podem levar a “conflitos de interesse, influência indevida e desigualdades.”

Como aspectos positivos, o Comitê reconheceu a aprovação de diversas medidas legislativas que incluem temas como combate ao feminicídio e à violência doméstica, apoio a migrantes, cotas para afrodescendentes na administração pública federal e medidas para a prevenção da tortura.

O Comitê elogiou também a criação dos Ministérios dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial, e do Sistema de Informação sobre Tráfico de Pessoas. 

O governo brasileiro terá um período de três anos para informar aos peritos internacionais o que tem feito para cumprir com as sugestões.


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