quarta-feira, 20 de setembro de 2023

MAR DEPRIMIDO - poeta Luís Augusto Cassas


MAR DEPRIMIDO


Luís Augusto Cassas


mar de São Luís constrangido

que banhas as costas do Atlântico

e as costas e seios das pacíficas

quem te roubou o azul do paraíso:

os vendedores de cloro das piscinas

ou o céu desbotado do olhar das meninas?

mar de São Luís humilhado

saqueado por metralhas e conquistadores

em navios que vazam óleo desde o início

quem roubou o azul do teu sorriso:

os poetas que te deixaram abandonado

ou os petroleiros que te sujaram o vestido?

mar de São Luís sucateado

sobra de outros mares poluído

o cinzento de tuas águas

é tua bandeira de mágoas?

o cinzento de tuas mágoas

é o teu vestido e anágua?

choras por Antônio: o de Cleópatra?

choras por outro: o de Ana Amélia?

mar de São Luís enrubescido

derramas lágrimas de crocodilo

deságuas sujas águas em praias e portos

enches os tonéis os lenços os esgotos

mar de São Luís emaranhado

em maranhas de mar amargurado

quem sequestrou o teu azul-coral

deixou-te em troca o excesso de sal

entanto o verde que antevejo nessa manhã

só o vislumbro detrás de óculos ray-ban

a não ser que eu ponha cloro

nas lágrimas que em ti choro


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