quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

IDIOSSINCRASIAS! - artigo de Abdelaziz Santos


IDIOSSINCRASIAS!

Abdelaziz Santos*

(02 / 01 / 2024)


Regra geral, todo governante deseja fazer um bom governo. Em tese, também todos eles querem que seus auxiliares obtenham êxito nos seus afazeres. Isso significa dizer que a ele, governante, não satisfaz apenas que um ou outro auxiliar se saia bem e outros não. Aprendi isso no exercício de cargos públicos.

Assim, aqui no Maranhão, o governo Brandão tem um lado que o puxa pra baixo e outro, quase invisível, que tenta em vão puxá-lo na direção oposta. Vejam: a Gasmar criou a expectativa de que os proprietários de veículos em São Luís iriam dispor de gás veicular até o final de 2022. Estamos em 2024 e nada. Assim, talvez seja prudente o Governador proibir que os dirigentes da empresa andem falando tais bobagens, e fiquem mesmo apenas fazendo palestras mirabolantes sobre petróleo e gás pelo mundo afora, sem qualquer compromisso com a verdade. Isso nos aliviaria muito, além de liberar o Governo dessas piadas de mau gosto.

De mau gosto mesmo é a famigerada Lei nº 12.169, aprovada pelos deputados tão rapidamente que é de fazer inveja aos relâmpagos. Até o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar preocupou-se com as consequencias da absurdidade. . A Polícia deve estar atrás do gênio idealizador, que está a merecer o Prêmio Nobel da Insanidade! E pensar que os deputados do meu Partido, o PDT, se juntaram ao governo nessa trama contra as comunidades tradicionais e outras. O que fazem mesmo esses deputados ainda nas nossas fileiras? A passagem do ano não seria uma boa hora de despedida?

O outro comentário é sobre o Planejamento que o Governo anunciou até o ano 2050 feito pela Macroplan, que ensina o passo-a-passo de cada fase do planejamento aos gestores da área (sic!). Velha conhecida dos maranhenses, a Macroplan tem se notabilizado por elaborar esses documentos em estados de equipes menos habilitadas. No Governo do Jackson Lago, tal tentativa restou frustrada, eis que preferimos reunir a prata da casa que fez o seu próprio Plano de Desenvolvimento com horizonte de 10 anos.

"Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras!", então é bem provável que você que me lê agora e tem cerca de 40 anos e mais não vá desfrutar dos resultados de tal planejamento. Num mundo de mudanças tecnológicas tão rápidas um planejamento desse tipo é, no mínimo, uma temeridade. Oxalá eu esteja enganado, mas isso tudo me leva a crer que nós maranhenses estamos entregues ao azar ou sorte. Se for ao azar, que seja breve; se for à sorte, que seja grande, pois!

Por falar em Planejamento do Estado, o PPA atual foi aprovado pela Assembleia Legislativa com uma retrospectiva dos governos de Roseana Sarney, Zé Reinaldo e Flávio Dino, mas “esqueceram” do Governo Jackson Lago, logo o governo (interrompido por estupro judicial) que retomou o planejamento do Estado esquecido há anos e cuja memória tinha se perdido na poeira do tempo. E olhem que se trata de um documento oficial, que deu margem a um belo pronunciamento do deputado Rodrigo Lago exigindo que o Governador Brandão apurasse tal excrescência e punisse os responsáveis. O pai do deputado, Aderson Lago, Chefe da Civil do Governo Jackson, um dos grandes deputados que tivemos em outros tempos, me dizia que tinham assassinado o Jackson e agora resolveram ocultar o seu cadáver.

Os auxiliares do governo teimam em apostar nos grandes projetos e nos bilhões de dólares que, segundo eles, vão aqui aportar. Nem mesmo a minha formação em economia consegue contar tanta fartura! Vale, Alumar, Suzano, polo de soja de Balsas e adjacências, Eneva, o gigantismo do Porto de Itaqui, nenhum deles quis saber até hoje da população, tanto assim que estamos mais pobres hoje do que antes deles. Como já não podem enaltecer tais projetos, todos devastadores do meio ambiente, agora apelam para Base e Porto de Alcântara, estradas de ferro, hidrogênio verde e por aí vai.

Desenvolvimento local, que deveria ser a tônica de qualquer planejamento com pé e cabeça disso não se fala. Como se a população fosse comer minério de ferro, bauxita, alumínio, aço, papel e coisas que tais. Não conseguem entender que grandes projetos são intensivos de capital e visam essencialmente o lucro.

O mais triste de tudo isso é que somente depois de transcorrido um período de governo é que as estatísticas mostram como ficaram os índices sociais, tal como se viu em relação aos governos anteriores, Maranhão rabeta no País no índice de pobreza (57% da população).

Aos poucos, por esse e outros motivos, um ou outro deputado começa um tímido movimento de oposição ao atual governo maranhense, num estado em que oposição virou artigo de luxo desde o Governo Flávio Dino. Claro, competentes como são, primeiro se elegem no pacote governamental para depois se conscientizarem que tomaram o rumo equivocado. De qualquer forma, sejam bem vindos para o lado de cá!

*Ex-secretário de Planejamento do Maranhão, governo Jackson Lago


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