Um novo ato
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Em algum momento, paramos para pensar que o que chamamos de vida, esse tempo de existir na Terra, que na nossa compreensão vai do berço ao túmulo, é na verdade apenas mais um ato, uma parte de uma obra muito maior?
Quando usamos a palavra ato, remetemo-nos às peças de teatro. Atos nos mostram o desenrolar de uma história mais longa, com muitos personagens, com acontecimentos que vão nos fazendo entender o drama como um todo.
A peça Hamlet, a mais famosa de Shakespeare, é composta de cinco atos. E cada ato, por diversas cenas.
No primeiro ato, temos a aparição do fantasma do pai de Hamlet e uma grande revelação.
Se assistirmos apenas ao segundo ato, sem termos entendido o primeiro, não aceitaremos as razões da mudança do humor de Hamlet, não nos fará sentido a raiva que ele carrega.
Se formos diretamente ao quarto ato, sem termos conhecido bem os personagens e a história, pouco sentido terão suas atitudes.
Imaginemos, então, neste momento, uma das cenas de um dos atos da sua peça, a peça da sua existência de Espírito imortal.
Torna-se mais fácil entender que a alma, depois de residir temporariamente no espaço, renasce na condição humana, trazendo consigo a herança, boa ou má, do seu passado.
Renasce criancinha, reaparece na cena terrestre para representar um novo ato do drama da sua vida.
Vem resgatar as dívidas que contraiu, conquistar novas capacidades que lhe hão de facilitar a ascensão, acelerar a marcha para a frente.
A lei dos renascimentos explica e completa o princípio da Imortalidade. A evolução do ser indica um plano e um fim.
Esse fim, que é a perfeição, não pode realizar-se em uma única existência, por mais longa que seja.
Devemos ver na pluralidade das vidas da alma a condição necessária de sua educação e de seus progressos.
É à custa dos próprios esforços, de suas lutas, de seus sofrimentos, que ela se redime de seu estado de ignorância e de inferioridade.
E se eleva, de degrau a degrau, primeiramente na Terra e, em seguida, através das inumeráveis estâncias do céu estrelado.
Reencarnação é o fenômeno natural, o processo que nos faz alternar de ato para ato.
O figurino será distinto. No entanto, o ator é o mesmo.
Novos personagens surgem. Alguns desaparecem por alguns atos e retornam mais tarde, até em outros papéis.
A lei das vidas sucessivas promove dramas muito mais complexos e longos que os de Shakespeare.
Por fim, um detalhe importante: se formos conhecer a obra do grande escritor inglês, veremos que quase todas as suas peças terminam em tragédia, em desgraça.
Fazendo ainda um paralelo, recordaremos que algumas de nossas existências tiveram desfechos desagradáveis. Porém, entendamos como finais de atos e não da obra como um todo.
a peça segue rumo a cenas e atos melhores, mais felizes. É da lei que tudo siga o caminho da felicidade e da perfeição.
Atores mais experientes, roteiros mais maduros, cenários mais amplos e agradáveis.
Pensemos nisto: somos nós que dirigimos nossa grande peça, cena a cena, ato a ato.
Redação do Momento Espírita, com trecho do cap. XIII, pt. 2, do livro O problema do ser, do destino e da dor, de Léon Denis, ed. FEB.
Em 7.5.2025
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