A ditadura militar se diluiu. As patrulhas ideológicas, não.
Os partidos de massa e os seus sonhos inspiradores se escafederam. Foram-se os
líderes, proliferam os donos dos partidos. E os picaretas.
Os carimbos do maniqueísmo se alastram e novamente as
pessoas são jocosamente classificadas ou como de esquerda ou de direita.
Os que não dependem de emprego público nem de redes
políticas e, assim, ousam dizer sem medo o que pensam, encarando firmemente as
intimidações dos censores de plantão, se não lhes pegou ainda nenhuma
imprecação de algum desvio de conduta profissional ou moral, no mínimo, são
marcados como de direita.
É o caso da jovem senhora apresentadora do telejornal do SBT
que, ao ser contratada, assumiu também a responsabilidade produzir um breve
comentário sobre tema de sua livre escolha. Seu estilo desassombrado parecendo
sempre instigar polêmica, tem incomodado a muitos. Inclusive aos que se movem
por inveja.
Rachel Sheherezade, a jovem paraibana que encantou o Silvio
quando ele a viu fazendo um comentário indignado pelo Youtube. A audiência dela
já registrava milhões de pessoas. O SBT não perdeu tempo e a contratou
levando-a com mala e cuia para morar em São Paulo.
Há pouco beirou ao linchamento a reação das patrulhas a um
comentário da Rachel sobre uns jovens que resolveram, no dizer deles, resgatar
o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, para o livre e seguro caminhar das
pessoas, afugentando os assaltantes que tem feito vitimas às dúzias todo dia e
toda noite.
Um suposto assaltante apareceu amarrado a um poste, o que
certamente nenhum deles faria com alguma das suas vitimas.
O Deus nos acuda nas redes sociais e políticas mostrou o
quanto as patrulhas ideológicas estão a serviço da intolerância. A seguir as
perguntas de um repórter de O Globo e as respostas que a Rachel escreveu.
Como você vê a reação a seus comentários? Acha que foi mal
interpretada?
— Tenho certeza que fui intencionalmente mal interpretada.
Em nenhum momento, no meu comentário, há qualquer menção de apoio à violência
praticada pelos justiceiros. Não disse que a atitude deles foi
"aceitável" disse que foi "compreensível", e argumentei o
por quê.
Foi compreensível
porque vivemos num país abandonado, entregue de bandeja à criminalidade,
sem policiamento, sem segurança.... Um país com mais de 60 mil homicídios por
ano e que, por leniência ou incompetência, acaba arquivando 80 por cento de
seus inquéritos, gerando cada vez mais impunidade.
E é essa sensação de injustiça e de vulnerabilidade que
acaba levando o indivíduo a ações extremas, como a atitude dos justiceiros do
Rio. Isso não é aceitável, mas é, como eu disse e repito: compreensível.
Se arrepende de ter comentado o assunto de forma tão
polêmica?
— Não me arrependo. O assunto acabou gerando uma discussão
muito construtiva para a sociedade. Espero que dela resultem ações efetivas que
protejam os cidadãos de bem deste país.
De que forma você acha que sua opinião foi recebida pela sociedade?
— Sempre de forma dividida. Afinal, não há opiniões
unânimes. Há temas com maior aceitação, outros com mais rejeição.
Para o líder do PSol na Câmara dos Deputados, Ivan Valente
(SP), o SBT e você fizeram apologia ao crime em horário nobre. O que acha
disso?
— Quem é o PSOL para me censurar, se a Constituição
Brasileira me garante o direito de livre expressão? Mas, entendo o burburinho
que o partido vem causando.
Estamos em ano eleitoral. Não se enganem. Legendas
inexpressivas precisam pegar carona em temas polêmicos, levantar bandeiras de
última hora, defender os fracos e oprimidos, mesmo que da boca pra fora. Tudo
isso gera repercussão. E entre os incautos, pode até gerar votos. Se a legenda
acha que faço apologia ao crime, me processe. Quem anda com a verdade, não teme
a Justiça.
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