Da Veja
De acordo com relatório divulgado neste domingo, emissão é a
maior dos últimos 800 mil anos e precisa zerar para evitar catástrofes naturais
Jovem coloca máscara para se proteger da poluição em Shijiazhuang, capital da província de Hebei, norte da China (Kim Kyung-Hoon/Reuters/VEJA) |
O tempo está acabando para reduzir o aquecimento global a
apenas dois graus centígrados, anunciaram os especialistas da ONU, em uma
advertência de que as tendências atuais de emissão de gases que provocam o
efeito estufa resultarão em um desastre.
Em um relatório geral de síntese mundial do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), os
especialistas afirmam que as emissões dos três principais gases que provocam o
efeito estufa estão em seu maior nível em 800.000 anos.
A Terra caminha atualmente para um aumento de pelo menos 4ºC
até 2100 na comparação com nível da era pré-industrial, o que provocará grandes
secas, inundações, aumento do nível do mar e extinção de muitas espécies, além
de fome, populações deslocadas e conflitos potenciais.
"A justificativa científica para dar prioridade a uma
ação contra a mudança climática é mais clara que nunca", disse o diretor
do IPCC, Rajendra Pachauri.
"Temos pouco tempo pela frente antes que passe a janela
de oportunidade para permanecer abaixo dos 2ºC".
"Para preservar uma boa oportunidade de permanecer
abaixo dos 2ºC com custos abordáveis, nossas emissões deveriam cair entre 40 e
70% em nível global entre 2010 e 2050, e cair a zero até 2100".
O relatório - a primeira revisão global do IPCC desde 2007 -
foi divulgado antes das negociações de dezembro em Lima, que pretendem traçar o
caminho para a grande reunião de dezembro de 2015 em Paris, que tem como meta a
assinatura de um compromisso para alcançar a meta dos 2ºC.
As negociações esbarram há vários anos no debate sobre quais
países deveriam assumir o custo da redução das emissões de gases do efeito
estufa, que procedem principalmente do petróleo, gás e carvão, que atualmente
constituem grande parte da energia consumida.
O documento afirma que o uso de energias renováveis, o
aumento da eficiência energética e o desenvolvimento de outras medidas
destinadas a limitar as emissões custaria muito menos que enfrentar as
consequências do aquecimento global.
A conta a pagar atualmente para atingir a meta ainda é
possível, mas adiar a resposta aumentaria consideravelmente a fatura para as
gerações futuras.
"Os custos das políticas de limitação variam, mas o
crescimento mundial não seria gravemente afetado", afirma o IPCC, que
calcula que curvas "ambiciosas" de redução de carbono provocarão uma
queda de apenas 0,06% no crescimento mundial neste século, que deve ser em
média anual de entre 1,6 e 3%.
"Comparado ao risco iminente dos efeitos irreversíveis
da mudança climática, os riscos a assumir para alcançar uma redução são
administráveis", destaca Youba Sokona, um dos cientistas responsáveis pelo
relatório.
De acordo com o cenário de emissões mais otimista dos quatro
citados no documento, a temperatura média do planeta aumentará este ano entre
0,3 e 1,7 ºC, o que levará a uma alta de 26 a 55 cm do nível do mar.
Segundo a hipótese mais alarmista, o planeta terá um
aquecimento de entre 2,6 e 4,8ºC, o que provocará um aumento de entre 45 e 82
cm do nível do mar.
O relatório adverte, sem rodeios, que caso as tendências
atuais sejam mantidas, "a mudança climática tem mais probabilidades de
exceder 4ºC que de não fazê-lo até 2100", na comparação com os níveis da
era pré-industrial.
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