Marcus De Mario*
Na tentativa de entender a inteligência, cientistas têm se dedicado a inúmeras pesquisas, notadamente no estudo do cérebro, pois partem do pressuposto que a inteligência é uma função neuronal, portanto, em ação na massa encefálica. Um fato, notadamente, intriga os cientistas: por que algumas pessoas são mais inteligentes que outras? É intrigante porque a ciência considera que a inteligência nasce com o indivíduo, ou seja, ela é determinada, sendo que com o tempo, a experiência e o conhecimento existe um aprimoramento do uso da inteligência, ou seja, ela ganha maior capacidade de resolver problemas. Então a formulação da pergunta em moldes científicos: se nascemos com nossa inteligência determinada, será que ela é, necessariamente, herdada, ou seja, será que ela é genética?
Cientistas americanos e ingleses (foram mais de 200
pesquisadores) concluíram em estudo levado a efeito com mais de 21 mil pessoas,
que existe um gene que, se sofrer uma modificação no seu DNA, com a troca de
uma molécula, o cérebro da pessoa será maior, havendo um ganho no QI
(coeficiente de inteligência). Entretanto, o tamanho do cérebro é maior em
apenas 3 cm cúbicos, e a inteligência avança somente em 1,3%. Bem pouca coisa
para uma conclusão que a inteligência está ligada à genética.
Como as pesquisas relacionadas ao cérebro não conseguem
sanar as dúvidas dos cientistas, convidamos o leitor para analisar o tema a
partir da consideração de ser a inteligência extra-física, e o cérebro um
instrumento do espírito, ou seja, partimos do conceito de sermos uma alma
imortal, onde se localiza a inteligência, sendo o cérebro instrumento de
manifestação dessa alma. É o que propõe o Espiritismo.
A visão espírita não descarta o determinismo intelectual,
visto que a alma, ou espírito, traz para a encarnação tudo o que desenvolveu
até então, ou seja, toda a inteligência adquirida, mas rejeita a
hereditariedade genética, pois a inteligência não pertence ao corpo e não pode
ser passada de indivíduo para indivíduo, ou em outras palavras, de pai para
filho. Também o Espiritismo explica que tudo o que o espírito conquista é
patrimônio inalienável, mas a cada encarnação ele privilegia o desenvolvimento
desta ou daquela área, por exemplo, se foi muito dedicado às ciências exatas,
pode agora vir para desenvolver aptidões nas ciências humanas.
A diferença intelectual entre as pessoas é facilmente
explicada quando inserimos a lei de evolução que se processa através da
reencarnação. Somos individualidades imortais destinadas à perfeição, mas o
caminhar nessa direção e alcançar em maior ou menor tempo essa destinação, é de
cada um, ou seja, cada espírito está num determinado grau de evolução, tanto
intelectual quanto moral, daí as diferenças intelectuais e de aptidões. Isso
também é acentuado pelo organismo biológico de que se serve o espírito, pois o
corpo pode ser um entrave para sua manifestação intelectual plena. Nesse caso,
o espírito pode ser muito inteligente, mas deficiências orgânicas podem
limitá-lo na exteriorização dessa inteligência.
Lembremos que as deficiências orgânicas não acontecem por
acaso, pois tudo tem sua razão de ser. Muitas vezes o espírito solicita passar
por esta ou aquela prova, necessária ao seu progresso, planejando no processo
reencarnatório enfrentar esta ou aquela condição menos favorável quanto ao
organismo biológico. E ainda temos as expiações, sempre redentoras, quando o
espírito, por ter infringido várias vezes a lei divina, acarreta para si
consequências desequilibrantes para sua mente e seu perispírito (corpo espiritual),
o que, invariavelmente, trará disfunções para seu corpo.
Seja como for, com o Espiritismo entendemos que a
inteligência é patrimônio do espírito, sendo o corpo apenas seu instrumento de
manifestação. Isso fica patente no fenômeno mediúnico, quando o espírito de um
encarnado, parcialmente separado do corpo através da emancipação da alma, ou
desdobramento, se apresenta através de um médium. Se em vida apresenta
problemas para manifestar sua inteligência, emancipado do corpo o espírito
nenhum entrave encontra para pensar, dialogar e resolver questões que, em
estado de vigília não consegue. É que a inteligência pertence a ele, está na
sua essência, independe da matéria corporal e mantém-se intacta. É o seu
instrumento de manifestação que está com defeito, por isso que estudar o
cérebro é estudar os efeitos e não a causa.
Se a inteligência fosse herdada geneticamente, de nada
valeriam os esforços da educação para desenvolvê-la, no máximo a educação
serviria para adestrá-la, pois seríamos totalmente dependentes de genes e suas
modificações. Entretanto, é bom lembrar que somos seres pensantes dotados de
razão e livre arbítrio, e seria reduzir a bem pouco o ser humano considerá-lo
um dependente químico de secreções neuronais intelectivas, como insistem os
cientistas. Aliás, uma boa pergunta a ser respondida pela ciência é esta: como
neurônios, que são células orgânicas, conseguem pensar? Convidamos a comunidade
científica a responder essa pergunta, não com hipóteses e teorias fantasiosas,
e sem sai do terreno biológico. Se conseguirem, dando resposta satisfatória a
todas as questões que envolvem a inteligência e sua manifestação, poderemos
rever nossa posição espiritualista e “matar” a alma, mas estamos muito
tranquilos, pois todos os fatos corroboram a tese espírita e, como dizem,
contra os fatos não existem argumentos contrários possíveis.
*Marcus De Mario é Escritor, Palestrante e Consultor
Educacional.
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