Dom Canísio Klaus - Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Da CNBB
“Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos. Aleluia”!
É com este alegre convite da Liturgia
das Horas do domingo de Páscoa que saúdo o povo diocesano. Alegremo-nos,
pois “o Senhor ressuscitou”. No duelo entre a vida e a morte, foi “a
vida que venceu a morte”.
A partir de agora, a certeza que nos
acompanha é que a última palavra será da vida e não da morte. Por piores
que sejam os sofrimentos e por mais pesada que seja a cruz, a vitória
final da vida é certa para quem acredita em Jesus Cristo e se coloca no
seu seguimento. É o que testemunhou, de forma categórica, Dom Oscar
Romero, arcebispo de São Salvador, quando se sentiu ameaçado de morte:
“Não creio em morte sem ressurreição. Se me matarem, ressuscitarei no
povo salvadorenho”. E porque acreditou verdadeiramente na vitória final
da vida sobre a morte não recuou diante das ameaças que o levaram ao
martírio no dia 24 de março de 1980. Agora, em maio, ele irá ser
beatificado pelo Papa Francisco.
A alegria da Páscoa e a certeza da
ressurreição não nos livram das dores da vida presente. Assim como
Jesus, cada um de nós tem a sua cruz a carregar e no dia a dia nos
deparamos com muitos sofrimentos. Estes, porém, se tornam mais leves na
medida em que podemos visualizar a glória da ressurreição final. É esta a
grande certeza da Páscoa: “Com Cristo morremos e com Cristo também
haveremos de ressuscitar” (Rm 6,8). Quem tiver coragem de tomar a sua
cruz nos ombros, renunciar a si mesmo e se colocar no seguimento de
Jesus Cristo tem garantida a felicidade eterna (Lc 9,23-24).
A certeza da ressurreição final não nos
deve acomodar e nem nos tornar indiferentes diante do sofrimento dos
irmãos. É a isto que nos alertava o Papa Francisco no início da quaresma
ao nos convocar a nos posicionarmos contra a globalização da
indiferença, que “está tomando conta da sociedade”. Não podemos ficar
indiferentes diante do sofrimento humano, mas sim tratar cada pessoa
como “o irmão e a irmã pelos quais Cristo morreu e ressuscitou”. Quem
professa a fé em Jesus Cristo que morreu e ressuscitou irá se
comprometer em zelar pela vida de cada ser humano, e, mais do que isso,
irá se empenhar em criar as condições favoráveis ao desenvolvimento da
vida na terra.
Faço votos que as celebrações pascais
animem a esperança de todos os fiéis e os impulsionem a uma maior
comunhão de vida. Que a certeza da ressurreição de Jesus impulsione a
todos a um maior compromisso com a sua comunidade de fé e com a
superação das dores e sofrimentos das irmãs e dos irmãos. Assim, juntos,
poderemos celebrar a alegria da vitória da vida sobre a morte.
Feliz Páscoa!
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