quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Catástrofe humanitária

Forças de Israel forçam pessoas a se deslocarem do norte para o sul de Gaza e agravam a catástrofe humanitária

Médicos Sem Fronteiras pede ao Exército de Israel que suspenda as ordens de evacuação e que garanta a proteção dos civis



9 de outubro de 2024


As ordens de evacuação israelenses para partes do norte de Gaza, emitidas em 7 de outubro, estão obrigando dezenas de milhares de pessoas a fugir imediatamente para o sul, já que a área é alvo de bombardeios aéreos e de uma ofensiva terrestre.

Neste último deslocamento forçado em massa, moradores de Beit Hanoun, Jabalia e Beit Lahia foram obrigados a se deslocar para a superlotada “zona humanitária” entre Al-Mawasi e Deir Al-Balah, onde já vivem 1 milhão de pessoas em condições desumanas. A zona também permanece insegura para civis e trabalhadores humanitários, já que as forças israelenses atacam repetidamente a área.

Essas evacuações forçadas em massa das casas e os bombardeios de bairros pelas forças israelenses estão transformando o norte de Gaza em um deserto inabitável, esvaziando efetivamente a vida palestina de todo o norte da Faixa. Para piorar a situação, nenhuma ajuda humanitária entra na área desde 1º de outubro.

Médicos Sem Fronteiras pede às forças israelenses que suspendam as ordens de evacuação, que estão causando o deslocamento forçado de pessoas, e que garantam a proteção dos civis. Também devem permitir a entrada urgente de suprimentos humanitários que são extremamente necessários no norte de Gaza.

“De repente, me disseram que precisávamos nos mover do Norte,” diz Mahmoud, um vigia de MSF que deixou Jabalia à noite para encontrar refúgio na casa de hóspedes de MSF na Cidade de Gaza. “Deixamos nossa casa em desespero, sob bombas, mísseis e artilharia. Foi muito, muito difícil. Eu preferiria morrer a ser deslocado para o sul. Minha casa está aqui, e eu não quero sair.”

As forças israelenses também solicitaram a evacuação dos três principais hospitais do norte de Gaza, nomeadamente os hospitais Indonésio, Kamal Adwan e Al-Awda. Estes estão operando em capacidade mínima e têm um total de 317 pacientes ainda hospitalizados, com cerca de 80 pessoas em terapia intensiva e incapazes de se mover, de acordo com o Ministério da Saúde. Essas três instalações médicas, assim como aquelas que permanecem parcialmente funcionais em toda a Faixa, devem ser protegidas a todo custo.

A clínica de MSF na Cidade de Gaza recebeu 255 pacientes somente no domingo e na segunda-feira, já que as opções para as pessoas acessarem cuidados médicos diminuem a cada dia. Para algumas pessoas, acessar as poucas unidades de saúde existentes é impossível. As nossas equipes receberam relatos de feridos que morreram por não conseguirem buscar cuidados médicos.


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