O Senado aprovou nesta quarta-feira (2), com 36 votos favoráveis e 31 contrários, a proibição das doações de empresas às campanhas políticas. Ficou autorizado, por outro lado, o repasse de dinheiro de pessoas físicas aos partidos e candidatos. A doação, no entanto, está limitada ao total de rendimentos tributáveis do ano anterior à transferência dos recursos. Essas normas fazem parte da reforma política reunida no PLC 75/2015.
O placar apertado refletiu a polêmica durante a discussão do
modelo de financiamento de campanha. O senador Jorge Viana (PT-AC) defendeu o
fim das doações de empresas, prática que ele considera inconstitucional.
— Nós temos uma bela oportunidade de pôr fim a essa presença
ilegal, inconstitucional e imoral, que é o envolvimento de empresários no
financiamento de campanha. Empresa visa lucro e a política não pode ser uma
atividade do lucro — avalia Viana
Na mesma linha está o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Lembrou que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal julgou como
inconstitucional a doação de empresas.
Segundo Randolfe, essa prática faz mal à democracia.
— Não há eleição em igualdade de disputa quando não se tem
um equilíbrio entre as partes concorrentes. É tapar o sol com a peneira não
compreender que os escândalos de corrupção ocorridos de 1988 até hoje tiveram
relação direta com financiamento de campanha — disse Randolfe.
O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), lembrou que o
financiamento de pessoa jurídica surgiu a partir da CPI do Orçamento, porque
até então, segundo Cássio, todas as eleições eram financiadas pelo caixa dois.
— Não há problema nenhum que pessoa jurídica possa doar. Eu
já recebi doações de pessoas jurídicas. Estão na minha prestação de contas e
não por isso meu mandato é meio mandato, vinculado ou tolhido — afirmou Cássio.
O líder do Democratas, Ronaldo Caiado (GO) também defendeu
as doações de empresas. Para ele, as contribuições feitas às campanhas
eleitorais mantém, principalmente, as condições de a oposição enfrentar a
máquina do governo.
— Quantos empresários me apoiam porque não querem ver amanhã
o Brasil caminhar para o bolivarianismo? Quantos me apoiam porque não querem
que o exército brasileiro seja o exército do Stedile — questionou Caiado.
O PLC 75/2015 aprovado nesta quarta-feira, mas que ainda
terá que ter a redação final votada antes de ser remetido à Câmara dos
Deputados, modifica três leis. Uma delas é o Código Eleitoral (Lei 4.737/1965).
O relator da Comissão da Reforma Política, Romero Jucá (PMDB-RR), garantiu que
a proposta traz mais transparência, diminuição de gasto de campanha, diminuição
de tempo de televisão e melhor visibilidade das prestações de conta.
Da Agência Senado
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