DE LONDRES
A Procuradoria-Geral da Suíça informou nesta quinta-feira
(1º) que um banco suíço foi o responsável por levantar suspeitas contra o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Em um comunicado, a Procuradoria diz que recebeu em abril
deste ano um relatório sobre "lavagem de dinheiro" de um banco no
país referente ao deputado. "Depois da abertura de um processo, os ativos
de Eduardo Cunha foram bloqueados", declarou o Ministério Público suíço,
em sua primeira manifestação oficial sobre o tema.
Assim como a Procuradoria-Geral da República anunciou nesta
quarta (30) no Brasil, as autoridades suíças confirmaram que abriram ação
criminal contra Cunha sob suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva e
que repassou todo material para o território brasileiro.
"Como Eduardo Cunha é cidadão brasileiro, ele não pode
ser extraditado para a Suíça. Por essa razão, a OAG (Procuradoria da Suíça),
através do Departamento de Justiça da Suíça, transferiu os procedimentos contra
Cunha para o Brasil para que ele possa ser investigado e julgado pelas
autoridades judiciais brasileiras", declarou a Procuradoria-Geral da
Suíça.
O fio da meada que levou a contas atribuídas a Cunha na
Suíça surgiu com o rastreamento de recursos que passaram por contas de João
Augusto Henriques.
Ligado ao PMDB e preso na Lava Jato em 21 de setembro, ele
admitiu que fez depósito em uma conta no exterior que tinha Cunha como
beneficiário.
Pela versão de Henriques, ele não sabia que a conta pertencia
ao deputado do PMDB. Ele disse que só soube que Cunha era o controlador da
conta, mais tarde, por autoridades suíças.
No depoimento ele não citou nem o valor nem data da
operação.
O pagamento, segundo o lobista, era devido a uma comissão
para o economista Felipe Diniz, filho do deputado federal Fernando Diniz
(PMDB-MG), morto em 2009. Diniz teria direito a uma comissão por ter ajudado no
negócio de aquisição pela Petrobras de um campo de exploração em Benin, na
África.
Cunha já foi citado por dois delatores da Operação Lava Jato
–os lobistas Júlio Camargo e Fernando Soares, o Fernando Baiano– como
destinatário de US$ 5 milhões que seriam propina em um afretamento de
navios-sondas pela diretoria internacional da Petrobras, controlada pelo PMDB.
Cunha voltou a se negar na noite desta quarta-feira (30) a
dizer se ele e familiares têm contas bancárias na Suíça.
"Querido, eu não vou comentar. Na medida que dizem que
tem alguma coisa, vamos esperar que apareça. Não vou comentar, não vou cair na
armadilha de dar para você qualquer tipo de lide [principal informação de uma
reportagem] dessa situação", afirmou Cunha, em entrevista coletiva.
Ele disse que só seu advogado irá se manifestar. "Não
há o que falar, não vou ficar todo dia fomentando, amanhã vai surgir outra
coisa, vai ser assim, já estou preparado. Tenho que cumprir a orientação dele
[advogado] que me proibiu de falar, se eu falar é capaz de ele não querer me
defender mais", acrescentou o peemedebista.
Desde que seu nome surgiu com mais ênfase no escândalo,
Cunha acusa o governo de agir nos bastidores para incriminá-lo. Ele também diz
que a Procuradoria escolheu a quem investigar.
"Está muito claro para mim que a cada dia sempre surge
uma coisa nova. A minha é escolha é uma coisa que já tá feita há muito
tempo."
Colaboraram RANIER BRAGON e GRACILIANO ROCHA
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