Depois do café da tarde rumei para Aruanda. Fui visitar Pai
José e ver a Cabocla Jurema... E ela – muito bonita - já estava a tomar “bença”
ao nosso preto velho... E Pai José, com sua mão bondosa, disse: Deus te “abençoe”,
minha fia...
E eu firmei a vista na Jurema com seu penacho verde, que
é da cor do mar!... Beijando as mãos do Pai José, a cabocla sorria!
Jurema é das matas!
De repente Arariboia chega em seu cavalo branco a me
dizer: “Irmão, a crônica da Ana acabou de chegar... Vamos no meu cavalo que te
levo de volta para Upaon-Açu...”
E saímos pelo tempo, entre as nuvens, até Arariboia me
deixar na praça dos Sabiás, próximo à minha casa!
E agora, já em casa, só me resta publicar a bela crônica
de Ana Campos, aqui no meu blog:
FÉRIAS
Ana Campos*
Férias é aquele pedacinho de tempo, onde se saboreia
outros paladares, onde se cheira outros aromas, onde se descobre outros
lugares... e onde muitas vezes, se volta ás origens.
É também um tempo para recarregar baterias.
Férias, é para descontrair, relaxar, viajar... É uma
ausência de rotina, onde o tempo não tem relógio e onde tudo nos fascina.
Férias, é abstração do quotidiano, é aquele pedacinho de
tempo tão delicioso que tentamos intensificar, porque sabemos que passa tão
rapidamente... Por isso lhe chamamos um pedacinho.
É sempre preparado com entusiasmo... e é tão saudoso!
Porque para além de gostoso, ele é muito valioso!...
É literalmente um tempo para desfrutar... Sempre algo que
queremos concretizar. Porque se desejou, se sonhou, se preparou com tempo e
dedicação.
A mala se arrumou... e finalmente esse dia chegou... e a
família se juntou!...
Vai ser outro acordar, outro espreguiçar e até outro
respirar.
É aquele pedacinho de tempo, em que os nossos sentimentos
badalam, onde as nossas emoções se estendem para outros mundos, onde se invoca
liberdade, e em boa verdade, destilam-se paixões em nossos corações.
É uma essência natural, uma nervura de frescura onde se
torna instrumental... trazendo uma harmonia interior, se tornando uma sinfonia.
É um pedacinho de tempo, vivido até ao ínfimo momento, e
em cada fragmento se torna uma inspiração!...
E eu, passando pelo meu Alentejo onde tudo é planície,
tudo é sobreiro, tudo é casa caiada de branco, tudo é passarinho cantando... E
com um calor abrasando...
Um suco se vai tomando e se vai escrevinhando... e das
férias se vai falando...
Mas como vai ser quando acabar? É certo que estas vão
terminar, mas logo, logo, outras irão começar. Apenas se faz uma pausa, para
melhor saborear....
Então vamos tranquilizar e nas próximas pensar!...
*Ana Campos é escritora, cronista portuguesa. As crônicas
de Ana Campos são transmitidas semanalmente, às sextas-feiras, pela Rádio
Portuguesa do VAR
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