Ao mesmo tempo em que a aprovação do impeachment de Dilma
Rousseff no Senado Federal por 61 votos favoráveis e 20 contrários foi
celebrada por senadores contrários à petista, outra decisão tomada pelo mesmo
plenário, que livrou a ex-presidente da inabilitação para o exercício da função
pública por oito anos, foi duramente criticada. Os 36 votos contrários à
punição garantiram que Dilma possa concorrer a cargos eletivos e atuar em
outros postos da administração pública. O líder do governo no Senado, Aloysio
Nunes (PSDB-SP), disse que ficou surpreso com o desmembramento da decisão,
proposto pelo PT e acatado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal Ricardo
Lewandowski.
Para o tucano, foi cometido um erro do ponto de vista
constitucional.
“É uma coisa tão flagrantemente inconstitucional, tão
absurda do ponto de vista jurídico. Você aplica a lei de uma determinada forma
em relação aos crimes de responsabilidade que tem como consequência duas penas:
a perda do mandato e a inabilitação. Não se pode cortar isso no meio. A Constituição
diz “com inabilitação”. O Senado separou o que não poderia. É um erro do ponto
de vista da constitucionalidade”, disse o parlamentar.
Aloysio Nunes também fez críticas à decisão da defesa de
Dilma, representada pelo advogado José Eduardo Cardozo, em recorrer ao Supremo
Tribunal Federal para derrubar a aprovação do impeachment. O senador afirma que
a ex-presidente deveria ter recorrido antes do fim do processo.
“Se ela dizia que estava sendo vítima de um golpe, porque
não recorreu antes? Ela vai para Nova Iorque participar de uma assembleia da
ONU e deixa o conspirador no lugar dela? Isso é uma coisa absurda, sem pé nem
cabeça. Já deveria ter recorrido antes, porque a Justiça pode ser chamada não
apenas para corrigir, mas também para prevenir uma lesão de direitos”, apontou
Aloysio.
Cardozo disse que deverá apontar ao STF a “falta de justa
causa” para o processo de impeachment. Apesar da manobra de recorrer à Suprema
Corte, o advogado reconhece que será “uma missão difícil”.
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