Carlos Chagas
Vem aí mais um Sete de Setembro. Não há certeza se Michel
Temer desfilará de carro aberto pela Esplanada dos Ministérios antes de
empoleirar-se no palanque das
autoridades para assistir o desfile cívico militar comemorativo do Dia da
Independência do Brasil. Mas não deixará de abanar as mãos para quantos
consigam vê-lo das calçadas. A verdade é
que receberá a continência das forças
armadas, os cumprimentos de seus ministros e do corpo diplomático, ainda que povão, mesmo, só de longe e sem
entusiasmo.
O presidente está
devendo sua identidade com o país.
Aguarda-se um plano de governo. Pelo menos um elenco de reformas capazes de
sensibilizar a opinião pública. Mesmo em se tratando de medidas de sacrifício,
de cortes de gastos e de supressão de direitos
sociais, seria bom que Sua
Excelência passasse dos enunciados genéricos para o conteúdo prático.
Recomendou Maquiavel que o Príncipe anunciasse de uma vez
todo o mal necessário à sua permanência no poder e depois, aos poucos, fizesse
o bem. Ouve-se falar nas restrições às aposentadorias e pensões, na extinção de
prerrogativas trabalhistas, no aumento de impostos, na compressão salarial e
demais maldades. Nada a respeito da melhoria das condições de vida das massas e
da redução de encargos de que vive de salário, a começar pela vergonha de um
salário mínimo que no próximo ano chegará aos 945 reais.
Fica difícil imaginar o novo governo conquistando
apoio popular, mas o perigo é que perca o pouco que lhe
resta de respeito. Em poucos meses faltarão condições a Temer para enfrentar o
cidadão comum, caso não se decida a dizer a que veio. Equilibrar as finanças, iniciativa ainda em
dúvida, não bastará para ser reconhecido como representante do povo. Logo a
inércia popular se transformará em manifestações de
protesto por onde passar.
Legitimidade e representatividade não se conquistam sem resultados.
Muito menos popularidade. Jamais com as mãos abanando, sem nada para oferecer.
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