segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Fundo Partidário bancou festa de entidade do PMDB



RUBENS VALENTE

DE BRASÍLIA (Folha)

Um congresso que custou mais de R$ 277 mil, almoços de até R$ 9.000 e uma "confraternização" de fim de ano ao custo de R$ 30 mil são alguns dos gastos bancados pelo Fundo Partidário por meio da FUG (Fundação Ulysses Guimarães), um braço do diretório nacional do PMDB dedicado à formação política.

Os dados constam da prestação de contas encaminhada pelo diretório da sigla ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relativas aos anos de 2015 e 2014.

O Fundo é formado majoritariamente por recursos provenientes do Orçamento da União, e gastos com seminários e congressos estão previstos na legislação.

Porém, os documentos entregues pela FUG estão sob avaliação do TSE, cuja área técnica ainda não deu parecer sobre a legalidade dos gastos.

No período em que as despesas ocorreram, a FUG foi presidida por Moreira Franco (PMDB-RJ) e Eliseu Padilha (PMDB-RS), dois dos mais próximos colaboradores do presidente Michel Temer.

Padilha é hoje ministro-chefe da Casa Civil e Moreira Franco é atual secretário de Parcerias e Investimentos do governo federal.

Os gastos para um congresso da FUG ocorrido em Brasília em novembro do ano passado estão à altura de uma superprodução.

Foram R$ 158 mil para o Hotel Nacional por aluguel de salas e quartos, R$ 30 mil para a transmissão do evento ao vivo pela internet —o que mobilizou sete câmeras em três salões diferentes— R$ 12 mil por serviços de iluminação, mais R$ 34,5 mil para "serviço de comunicação visual", outros R$ 5.000 por brindes (uma sacola ecológica) e R$ 15 mil para um site divulgar textos de interesse do evento e do PMDB.

O congresso da FUG foi realizado em conjunto com um congresso nacional do PMDB, que reuniu "centenas de peemedebistas", segundo informou o partido na época.

No evento, que teve a participação do então vice-presidente Michel Temer, foi debatido o texto "Uma ponte para o futuro", que continha propostas do partido "para tirar o país da crise".

O documento foi considerado um sinal de que o partido de Temer se preparava para desembarcar do governo da então presidente Dilma Rousseff (PT), o que veio a ocorrer cinco meses depois, em março de 2016.

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