Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
As situações difíceis da vida, sejam na ordem pessoal,
sejam na social, fazem muitos desanimarem e andarem de cabeça baixa. De fato,
os desafios da caminhada são múltiplos e , às vezes, não se sabe o que fazer
nem como solucionar os problemas. O próprio Jesus adverte sobre guerras, lutas
de uns contra outros, fome, perseguições, injustiças e ódios (Cf. Lucas
21,5-19). De fato, vemos nos noticiários essa mesma realidade hoje, inclusive com
a corrupção, que tira o indispensável para as necessidades do povo. Fazem-se
determinações políticas que subtraem aplicações de impostos que deveriam ir ao
encontro do serviço social.
Ao mesmo tempo, o grande capital financeiro é concentrado
e não se fazem acordar os seus detentores para a hipoteca social do que
acumulam, como no caso dos grandes Bancos e outras fortunas. Não se sabe do
como vivem e sobrevivem muitos pobres.
Diz-se que vivem pela teimosia. Até se esforçam por arrumar meios de
sobrevivência. Sem qualificação
profissional não podem competir com outros, que tiveram oportunidade de se
preparar.
Mas, se muitos são pobres e assim mesmo sobrevivem,
esperam por dias melhores e se fortalecem com a fé religiosa. O profeta lembra
que receberão de Deus a recompensa de sua fé: “Para vós, que temeis o meu nome,
nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas” (Malaquias 3,20). De
fato, Deus olha para os pequenos, que são dóceis a Ele. Tornar-se pequeno ou
pobre é tirar do coração todo orgulho ou lixo egoísta e enchê-lo do amor de
Deus. Se todos os abastados, financeira e culturalmente, esvaziassem o próprio
egoísmo para enchê-lo do amor de Deus,
seriam mais solidários com as pessoas e as causas dos deserdados
sociais. Ao contrário, são como os ociosos, de que fala Paulo, que os compara
com os que não trabalham na direção de produzirem o bem e a condição de
sustento dos que não o têm suficientemente (Cf. 2 Timóteo 3,10).
Mesmo nas intempéries pessoais, familiares e sociais,
fazendo de nossa parte o possível para acertar nossa caminhada com os passos
divinos, não sucumbimos nem desanimamos. Andamos de cabeça erguida, confiantes
naquele que nos dá vida e força para lutarmos até o fim, em vista da promessa
divina a todos os que obedecem a seu projeto de amor : “Tudo o que é gerado por
Deus vence o mundo; e esta é a arma invicta, que venceu o mundo: a nossa fé” (1
João 5,4).
Esta mesma fé leva as pessoas a serem solidárias com as
outras carentes a se unirem para, juntas, promoverem a cidadania para todos.
Assim exigem dos encarregados políticas
públicas de interesse e promoção social para irem ao encontro das necessidades
dos mais empobrecidos. Fazem da fé um compromisso de luta pela vida e dignidade
de toda a pessoa humana, imagem e semelhança de Deus. De cabeça erguida têm
entusiasmo pela prática da fé transformadora, a partir do Evangelho e do bem
inerente a toda pessoa de boa vontade.
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