Do HuffPost Brasil
Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, responsável
pela Operação Lava Jato na primeira instância, a jornalista Cláudia Cruz,
mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que não sabia a origem dos
R$ 1,5 milhão que ela gastou em compras no exterior. Ré na Lava Jato desde 9 de
junho, a jornalista se recusou a responder as perguntas feitas pelo juiz e pelo
representante do Ministério Público. Só falou ao ser questionada pelo seu
próprio advogado. Ela disse que tinha apenas um cartão de crédito do banco
Julius Bar e não sabia da existência de uma conta vinculada ao cartão.
Afirmou ainda que nunca teve motivos para desconfiar do
marido e que usava o cartão de crédito internacional para despesas pessoais,
cuja fatura era paga pelo ex-deputado. Questionada sobre a origem do dinheiro,
ela respondeu: ‘não faço a menor ideia’. Segundo ela, Cunha teria condições de
bancar os gastos e o marido sempre afirmou que a origem do dinheiro era lícita.
"Eu já conheci meu marido com ele me contando e eu
sabendo que ele atuava em comércio exterior, que ele atuava em bolsa de
valores, que ele tinha patrimônio no mercado imobiliário. (...) Ele ficava muito
bravo, socava a mesa e sempre repetia: ‘O meu dinheiro é lícito’”, diz a
jornalista sobre a reação do marido ao ler notícias sobre ele.”
Os investigadores da Operação Lava Jato acreditam que
Cláudia era beneficiária de recursos não declarados por Cunha na Suíça. O
depoimento dela foi prestado na ação penal a que responde pelos crimes de
lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Em junho, Moro recebeu denúncia apresentada pela
força-tarefa de procuradores da Operação Lava Jato contra Cláudia Cruz e outros
investigados que viraram réus. A denúncia é vinculada à ação penal a que Cunha
responde por não ter declarado contas no exterior, que também será julgada por
Sérgio Moro.Cunha está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba
desde o dia 19 de outubro.
Entenda a denúnciaSegundo a denúncia do MPF, o contrato
de aquisição pela Petrobras dos direitos de participação na exploração de campo
de petróleo na República do Benin, país africano, da CBH, teria envolvido o
pagamento de propinas a Cunha de cerca de 1,3 milhão de franços suíços,
correspondentes a cerca de US$ 1,5 milhão.A propina teria sido paga por
Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, proprietário da empresa vendedora, e
acertada com o ex-diretor da Área Internacional da estatal, Jorge Luiz Zelada.
O esquema teria sido intermediado pelo operador João
Augusto Rezende Henriques e paga mediante transferências em contas secretas no
exterior.Parte da propina teria sido destinada a contas no exterior em nome de
off-shores ou trustes que alimentavam cartões de crédito internacional
utilizados por Cláudia para aquisição de bens e para despesas pessoais dela.
Os registros de gastos da jornalista mostram, por
exemplo, 7,7 mil euros na loja da Chanel, em Paris, em janeiro de 2014, US$ 4,4
mil na Prada, em Roma, e US$ 2,2 mil na Victoria’s Secrets, de Miami, entre
outros. Foram US$ 854.387,31 em artigos de grife, segundo a acusação.O
patrimônio de Cláudia Cruz saltou de R$ 1.617.519,09, em 1.º de janeiro de
2008, para R$ 4.029.025.65, em 31 de dezembro de 2014. Um crescimento de 149%,
segundo dados da Receita Federal.
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