Faveco Corrêa*
A vitória de Donald Trump confirma que o povo não confia mais nos velhos políticos e em suas práticas tradicionais que não resolvem os problemas da maioria dos cidadãos.
A eleição de Mauricio Macri na Argentina, sepultando
décadas de “kirchnerismo”, de Alexandre Kalil em Belo Horizonte, o referendo do
Brexit na Inglaterra e a espetacular vitória de João Dória no primeiro turno em
São Paulo, são outros exemplos contundentes.
Ninguém mais suporta o distanciamento de classe política
dos anseios da sociedade e muito menos a farra com o dinheiro público, nem aqui
nem na conchinchina.
Acabou.
É o fim de um ciclo.
Enquanto isso, aqui no Brasil o governo Temer reclama da
falta de apoio da opinião pública.
Também pudera.
Um governo que promete austeridade não pode permitir,
entre outras coisas, que seus ministros façam 781 voos em jatinhos da FAB em
tão pouco tempo, 238 dos quais sem a menor justificativa funcional. Aliás, esse
apaniguados deveriam andar de ônibus ou no
máximo nos aviões de carreira como qualquer mortal, e não consumir nosso
dinheiro em desnecessárias revoadas pelo
território nacional. Será que é para isso que hoje serve a nossa gloriosa Força
Aérea Brasileira que ao longo de sua brilhante história prestou tão relevantes
serviços à pátria, na guerra e na paz?
Todos os governantes do Brasil, até aqui, falam em corte
de despesas, mas não cortam nada! E ainda têm a petulância de falar em aumento
de impostos, como se já não estivéssemos entre os campeões mundiais nesse
nefasto “esporte”.
Nenhum deles abre mão de mordomias como um batalhão de
assessores, secretárias, carros com motorista à disposição 24 horas por dia,
14º e 15º salários, ou fecha as dezenas de institutos e fundações públicas que
não servem para nada ou reduz drasticamente as administrações inchadas dos
hospitais públicos que abrigam apadrinhados do poder (há hospitais com mais
administradores do que pessoal médico), ou acaba com o financiamento aos partidos,
que deveriam viver da quotização dos seus associados, ou revê as varias
aposentadorias por pessoa, entre elas aquelas dos que passam fugazmente pelo
Legislativo.
Ao invés de ficar sorrateiramente incentivando medidas
que visam amordaçar a Lava Jato como o projeto de abuso de autoridade de
autoria do conhecido Ranan Calheiros, repatriação de recursos incluindo
parentes de políticos, anistia a executivos em caso de acordo de leniência e
institucionalização da impunidade livrando os pilantras que se beneficiaram do
caixa 2 (caixa 2 é crime!), o governo deveria perseguir os ladrões que fizeram fortunas de forma indevida,
confiscando o dinheiro roubado e punindo exemplarmente estes meliantes. Um
levantamento geral e minucioso de todos os que ocupam cargos políticos se
impõe, de forma a saber seu patrimônio antes e depois. Também tinha que estar
na ordem do dia temas do tipo proibição de repasses de verba para toda e
qualquer ONG, devassa nas contas do MST e similares e revisão das indenizações
milionárias pagas indevidamente a “perseguidos políticos” (os antigos
“guerrilheiros”).
Ninguém fala seriamente na redução do número de deputados
e dos seus inchados gabinetes, profissionalizando-os como nos países sérios.
Tudo indica que os nossos governantes e políticos querem
mesmo é manter o “status quo” que tanto os favorece, sem fazer as reformas
necessárias: não querem passar o Brasil a limpo.
A Lava Jato não é suficiente.
É por tudo isso que não fizeram, além da delação da
Odebrecht que está por estourar, que o
governo e os políticos em geral estão preocupadíssimos. Preocupadíssimos com a
mobilização popular que começa a tomar vulto nas redes sociais pedindo a
demissão de toda a classe política. Uma depuração geral.
E aí vem com essa conversa de falta de apoio popular, os
coitadinhos, como se a sociedade fosse composta por uma massa amorfa de
imbecis.
A guerra contra a degradação da nação está apenas
começando.
Que não subestimem a força do povo esclarecido, que
começa a sair da sua zona de conforto e da inercia para lutar por um Brasil
melhor.
Remédio? O voto!
Donald Trump e João Dória neles!
*Faveco Corrêa é jornalista e consultor
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